Bolsonaro vai pra cima de Gonet: “Denúncia é ainda mais fantasiosa do que a PF”
Em um novo capítulo da batalha política que tem dominado o cenário nacional, o ex-presidente Jair Bolsonaro se posicionou de maneira firme contra a denúncia do Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, que o acusa de suposta tentativa de golpe de Estado. A denúncia foi apresentada na última terça-feira (18), e, em resposta, Bolsonaro classificou-a como "ainda mais fantasiosa" do que o relatório da Polícia Federal (PF) sobre o caso.
A Reação de Bolsonaro: Inconsistências e Críticas à Mídia
Bolsonaro não poupou críticas ao processo que o envolve e fez questão de destacar que veículos de mídia, historicamente críticos ao seu governo, já haviam apontado inconsistências na investigação. Ele ressaltou, por exemplo, a postura da Folha de S.Paulo, que publicou quatro manchetes favoráveis a ele no mesmo dia.
"O que a mídia não pode ignorar é a verdade", declarou Bolsonaro em entrevista. Ele ainda afirmou que as informações divulgadas pelo PGR e a PF não condizem com os fatos, acusando a narrativa de ser manipulada com o objetivo de descreditar sua imagem e comprometer sua defesa.
O Voto Impresso: A Luta de Longa Data
Outro ponto abordado por Bolsonaro foi sua defesa do voto impresso e auditável, uma pauta que ele vem defendendo desde 2012. Para ele, as acusações feitas no relatório da Polícia Federal, que apontam que suas declarações sobre o sistema eleitoral seriam parte de uma estratégia para descreditar o processo e justificar um golpe, são distorcidas.
"Desde 2012, luto por essa pauta. Em 2015 ou 2016, conseguimos aprovar uma emenda para garantir o voto impresso, até que o Supremo Tribunal Federal decidiu que isso era inconstitucional", afirmou, relembrando as dificuldades que enfrentou na tentativa de implementar uma reforma no sistema eleitoral.
A defesa do voto impresso se tornou um dos pilares da retórica de Bolsonaro durante seu mandato e continuou sendo um tema central até o fim de seu governo, gerando intensas discussões no cenário político e em meio à população.
O Inquérito da PF e a Investigação Sobre Fraudes em 2018
Bolsonaro também fez referência a um inquérito da Polícia Federal aberto para investigar alegações de fraude nas eleições de 2018. Segundo ele, esse inquérito, que inicialmente estava em aberto e era de acesso público, foi colocado sob sigilo logo após uma reunião sua com embaixadores estrangeiros em julho de 2022. Para o ex-presidente, a investigação é de interesse público e precisa ser revelada à população para que se tenha clareza sobre o que realmente aconteceu.
"Esse inquérito precisa ser revelado à opinião pública", afirmou com firmeza, pedindo transparência nas investigações sobre as eleições passadas, que continuam sendo um dos temas mais sensíveis do debate político no Brasil.
Pesca Probatória e O Caso Cid
Ao atacar o ministro Alexandre de Moraes, que é relator do inquérito que envolve a denúncia de tentativa de golpe, Bolsonaro utilizou o termo "pesca probatória". Essa expressão é frequentemente usada para descrever a busca indiscriminada por provas, sem critérios claros, o que, segundo Bolsonaro, caracteriza a forma como as investigações estão sendo conduzidas.
Ele questionou a amplitude das investigações, especialmente o foco nas comunicações de aliados próximos, como o caso do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. "Pegaram o telefone do Mauro Cid e, a partir disso, começaram a construir uma narrativa sobre golpe", disse Bolsonaro, destacando a irregularidade de investigar pessoas próximas sem evidências concretas.
8 de Janeiro: A Defesa de Bolsonaro
Por fim, Bolsonaro abordou o episódio das depredações na Praça dos Três Poderes, que ocorreram no dia 8 de janeiro de 2023, e que se tornaram um dos principais pontos de tensão política do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Bolsonaro afirmou que estava nos Estados Unidos no dia do ocorrido, ao lado do Mickey e do Pateta, e questionou a lógica de um suposto plano de golpe envolvendo sua pessoa, especialmente considerando que ele não estava em território brasileiro na data dos atos de violência.
"Não faz sentido alguém planejar um golpe e, no dia, estar nos Estados Unidos ao lado do Mickey e do Pateta", ironizou o ex-presidente, minimizando as alegações de que ele teria tido participação nos eventos.
Conclusão: Uma Batalha Que Ainda Está Só Começando
Com a publicação de mais uma denúncia contra Jair Bolsonaro, o ex-presidente promete não recuar e continuar a se defender das acusações, tanto no campo jurídico quanto no campo político. A tensão entre Bolsonaro e os principais personagens da investigação, como o PGR Paulo Gonet e o ministro Alexandre de Moraes, promete continuar alimentando debates no Brasil, enquanto o ex-presidente busca, na mídia e na opinião pública, apoio para sua versão dos acontecimentos.
O que se sabe é que o cenário político nacional ainda reserva muitos desdobramentos e que a luta de Bolsonaro contra as acusações apenas começou a ganhar contornos mais nítidos.