O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as recentes decisões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante uma entrevista concedida nesta quarta-feira (12). Segundo Lula, as medidas adotadas pelo líder norte-americano podem dificultar o compromisso dos países mais ricos com a luta contra as mudanças climáticas. Ele mencionou a saída dos EUA do Acordo de Paris, a defesa do uso de combustíveis fósseis e o incentivo a práticas prejudiciais ao meio ambiente como exemplos do retrocesso promovido pelo governo de Trump.
Lula argumentou que a postura adotada pelos Estados Unidos representa um desafio adicional para os esforços globais no combate ao aquecimento global. Ele destacou que, ao invés de assumir a liderança na transição energética, Trump optou por políticas que favorecem a exploração de petróleo, a produção de veículos movidos a combustão e até mesmo o retorno de produtos plásticos descartáveis, como canudos. Para o presidente brasileiro, essas atitudes dificultam que os países desenvolvidos assumam sua responsabilidade na busca por soluções sustentáveis.
A posição de Trump é amplamente apoiada pelo Congresso norte-americano, que tem maioria republicana. Lula alertou que a resistência dos Estados Unidos em aderir a compromissos ambientais pode desmotivar outras nações a seguirem o mesmo caminho. O presidente brasileiro enfatizou a importância da cooperação internacional e cobrou mais empenho dos países ricos para financiar políticas ambientais e auxiliar as nações mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas.
Durante a entrevista, Lula também fez uma crítica indireta ao empresário Elon Musk, dono da plataforma X e responsável pelo Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos. Sem citar diretamente o bilionário, o presidente brasileiro ironizou a ideia de buscar alternativas para a vida humana fora da Terra. Ele afirmou que ninguém precisa ser tão rico a ponto de querer comprar terrenos em Marte, no Sol ou na Lua, e defendeu que o foco da humanidade deve ser tornar a vida na Terra mais justa e equilibrada.
Além das declarações sobre a política ambiental de Trump, Lula abordou com bom humor um episódio ocorrido em outubro, quando sofreu uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada e precisou passar por um procedimento cirúrgico para tratar um sangramento no cérebro. Questionado sobre o incidente, o presidente brincou dizendo que tem a “cabeça grande, cabeça de nordestino”, e garantiu que está totalmente recuperado.
A entrevista foi concedida à rádio Diário FM, de Macapá, e ocorreu um dia antes da viagem de Lula para a capital do Amapá. Durante a conversa, ele reforçou o compromisso de seu governo com políticas sociais e ambientais, destacando a necessidade de um esforço conjunto entre os países para enfrentar os desafios climáticos.
O presidente também comentou sobre a tentativa do governo brasileiro de negociar tarifas comerciais com os Estados Unidos. A relação entre os dois países tem enfrentado desafios desde que Trump reassumiu o cargo e adotou uma postura mais protecionista, dificultando acordos que possam beneficiar a indústria brasileira. Lula enfatizou que o Brasil buscará manter o diálogo, mas que não aceitará imposições que prejudiquem a economia nacional.
A entrevista também abordou questões internas do Brasil. Lula mencionou o programa Pé-de-Meia, uma iniciativa de transferência de renda voltada para estudantes, que enfrenta desafios após um bloqueio determinado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O governo está tentando reverter a decisão e garantir que os beneficiários continuem recebendo o auxílio.
A relação entre Brasil e Estados Unidos tem sido marcada por desafios e divergências desde o retorno de Trump ao poder. Enquanto Lula defende uma agenda ambiental progressista e políticas de combate às desigualdades, o governo norte-americano segue um caminho contrário, priorizando interesses econômicos imediatos. Para o presidente brasileiro, essa postura representa um obstáculo para o avanço das discussões globais sobre mudanças climáticas e sustentabilidade.
Lula reforçou que, apesar das dificuldades, o Brasil continuará atuando para fortalecer sua posição como uma liderança ambiental e social no cenário internacional. Ele destacou que o país tem investido em energias renováveis, na proteção da Amazônia e na promoção de políticas que incentivem um desenvolvimento mais sustentável.
O presidente finalizou a entrevista reiterando que a luta contra as mudanças climáticas não pode ser tratada como uma questão secundária. Ele ressaltou que o compromisso com a preservação ambiental deve ser assumido por todas as nações, especialmente as mais ricas, que têm maior responsabilidade histórica na emissão de gases poluentes. Lula concluiu afirmando que seu governo continuará cobrando medidas concretas e eficazes para garantir um futuro mais sustentável para as próximas gerações.