Durante uma entrevista concedida a rádios da Bahia nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um apelo à população para que evite comprar alimentos considerados caros, como uma forma de pressionar os comerciantes a reduzir os preços. Segundo o presidente, essa estratégia ajudaria o governo no controle da inflação e impediria que os produtos encarecessem ainda mais nos supermercados.
Lula explicou que a melhor maneira de forçar a queda dos preços é a própria população agir com consciência na hora das compras. Ele destacou que, se os consumidores deixarem de adquirir itens considerados caros, os comerciantes serão obrigados a reduzir os preços para evitar que os produtos fiquem encalhados. "Se você vai ao supermercado e percebe que determinado produto está muito caro, simplesmente não compre. Se todos fizerem isso, o dono do mercado vai ter que abaixar o preço, senão a mercadoria estraga", afirmou o presidente.
O chefe do Executivo também abordou a recente alta no preço dos alimentos e atribuiu parte do problema ao ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Segundo Lula, a disparada da cotação do dólar no final do ano passado contribuiu para a inflação dos produtos, e ele culpou Campos Neto por, segundo ele, ter criado uma "arapuca" econômica que não pode ser resolvida de imediato. No entanto, o presidente demonstrou otimismo com a recente queda da moeda norte-americana para abaixo de R$ 6, acreditando que isso poderá ajudar a reduzir os preços dos alimentos.
Ainda durante a entrevista, Lula garantiu que seu governo está empenhado em encontrar soluções para a alta dos preços. Ele mencionou que conversas com empresários e o trabalho conjunto entre os ministérios da Fazenda, Agricultura e Desenvolvimento Agrário fazem parte das estratégias adotadas para enfrentar a inflação. "Nós estamos trabalhando e buscando soluções para que os preços dos alimentos possam ser reduzidos em breve", afirmou o presidente.
Além de tratar sobre economia, Lula aproveitou a entrevista para voltar a criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e já projetou a disputa eleitoral de 2026. O petista afirmou que, caso Bolsonaro decida se candidatar novamente, será derrotado mais uma vez. "Se ele acha que pode voltar, pode tirar o cavalo da chuva. Já o derrotei quando ele tinha a máquina na mão, e se ele se candidatar de novo, eu o derrotarei outra vez", declarou Lula.
As declarações do presidente repercutiram nas redes sociais e no meio político. Alguns especialistas questionaram a viabilidade da estratégia sugerida por Lula, argumentando que a inflação é um fenômeno complexo e que a redução no consumo pode não ser suficiente para conter os aumentos. Por outro lado, aliados do governo defenderam a fala do presidente, afirmando que o incentivo à consciência dos consumidores pode ser uma ferramenta importante para influenciar o mercado.
O governo segue monitorando os índices inflacionários e busca alternativas para garantir o poder de compra da população. A expectativa do Palácio do Planalto é que medidas econômicas em andamento, aliadas à queda do dólar e ao controle fiscal, possam contribuir para uma desaceleração da inflação nos próximos meses.