Lula Sobre Trump: “Pode Falar o Que Quiser, Mas Não Fazer o Que Quiser”

Lula Sobre Trump: “Pode Falar o Que Quiser, Mas Não Fazer o Que Quiser”

Brasil Unido


 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou, durante entrevista à Rádio Clube do Pará nesta sexta-feira (14), sobre a relação entre o Brasil e os Estados Unidos, abordando a possibilidade de uma eventual volta de Donald Trump ao comando do país norte-americano. Lula enfatizou que seu relacionamento com Trump não é pessoal, mas sim institucional, e que o Brasil e os Estados Unidos devem manter o respeito mútuo para preservar as relações diplomáticas.


O presidente destacou que a diplomacia entre as duas nações existe há mais de 200 anos e que o Brasil enxerga os Estados Unidos como um parceiro extremamente importante. Para Lula, a melhor maneira de conduzir essa relação é cada país focar em suas próprias questões internas, sem interferências indevidas. Ele reforçou que seu governo mantém uma postura aberta ao diálogo, desde que haja respeito entre os líderes e os países envolvidos.


Ao longo da entrevista, Lula também criticou o protecionismo adotado pelos Estados Unidos, especialmente no comércio internacional. Segundo ele, esse posicionamento contraria o que os norte-americanos defenderam desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando se consolidaram como um dos principais promotores do livre comércio global. O presidente manifestou preocupação com esse discurso protecionista, alertando que pode trazer instabilidade econômica mundial. Ele afirmou que, enquanto as relações entre Brasil e Estados Unidos forem conduzidas de forma civilizada, não há motivos para preocupações, mas ressaltou que o país precisa estar atento às mudanças no cenário internacional.


Apesar do tom diplomático adotado na entrevista, Lula já fez declarações mais duras sobre Donald Trump em outras ocasiões. Durante a campanha presidencial de 2022, ele chamou o ex-presidente norte-americano de fascista e o associou a líderes políticos que, segundo ele, representam uma ameaça à democracia global. Essas falas foram feitas no contexto da ascensão de governos populistas ao redor do mundo, aos quais Lula sempre demonstrou forte oposição.


Na conversa com a rádio paraense, Lula também aproveitou para enfatizar a necessidade de estabilidade global, afirmando que a tranquilidade é essencial para o crescimento econômico dos países. Ele reforçou que, embora Trump tenha liberdade para expressar suas opiniões, suas ações devem ser pautadas pela responsabilidade e pelo respeito às relações internacionais. O presidente brasileiro alertou que qualquer movimento brusco na política externa dos Estados Unidos pode impactar diversos países, incluindo o Brasil.


Lula concluiu sua fala destacando que o mundo precisa de estabilidade para garantir o crescimento econômico e social das nações. Segundo ele, a imprevisibilidade e as tensões políticas só prejudicam o desenvolvimento global. Ele afirmou que Trump pode falar o que quiser, mas não pode agir de maneira irresponsável no cenário internacional, pois suas decisões afetam diretamente o equilíbrio global.


A relação entre Lula e Trump sempre foi marcada por divergências ideológicas. Enquanto o ex-presidente norte-americano adota um discurso conservador e nacionalista, o petista tem uma visão progressista e defende o fortalecimento das relações multilaterais. Essa diferença de posicionamento já gerou atritos no passado, mas, como destacou Lula, as relações entre Brasil e Estados Unidos transcendem as figuras políticas momentâneas e devem ser mantidas independentemente de quem esteja no poder.


O governo brasileiro tem buscado estreitar laços com os Estados Unidos desde que Joe Biden assumiu a presidência, apostando em pautas como a defesa da democracia, o meio ambiente e a cooperação econômica. No entanto, a possível volta de Trump ao poder pode trazer desafios para essa relação, já que o ex-presidente tem um histórico de medidas protecionistas e de enfrentamento a países da América Latina.


Embora Lula tenha reforçado o compromisso com uma relação estável entre os dois países, sua entrevista deixa claro que há uma preocupação com os rumos que a política externa dos Estados Unidos pode tomar caso Trump volte à presidência. O Brasil, como uma das maiores economias emergentes do mundo, precisa manter boas relações com os norte-americanos, mas sem abrir mão de sua soberania e de seus interesses estratégicos.


A declaração do presidente ocorre em um momento em que o cenário político global está em constante mudança. Com eleições presidenciais nos Estados Unidos se aproximando, a possibilidade de um retorno de Trump ao poder já gera discussões sobre os impactos que isso pode ter nas relações internacionais. Lula, ao adotar um tom diplomático, demonstra que pretende manter um canal aberto de diálogo, mas deixa claro que não aceitará imposições externas que possam prejudicar o Brasil.


O posicionamento do presidente reforça a ideia de que, independentemente de quem esteja no comando dos Estados Unidos, a relação entre os dois países deve ser conduzida de forma institucional e respeitosa. O Brasil continuará buscando parcerias estratégicas e defendendo seus interesses no cenário internacional, sem abrir mão de sua autonomia.

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