O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) reafirmou sua intenção de protocolar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (5), o parlamentar declarou que pretende conversar com o novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para discutir a viabilidade da proposta e buscar apoio interno para sua instalação. Segundo Nikolas, a CPI tem como objetivo apurar possíveis distorções nos dados divulgados pelo órgão e garantir que as informações sejam publicadas de maneira fidedigna à realidade.
A ideia de instaurar a CPI não é nova. No fim do ano passado, Nikolas já havia manifestado publicamente seu desejo de investigar o IBGE, argumentando que os dados do instituto poderiam estar sendo utilizados com viés político. Agora, com a troca de comando na Câmara dos Deputados, o parlamentar acredita que há um novo cenário para a iniciativa avançar. Ele destacou que a instalação da comissão depende não apenas do apoio de outros parlamentares, mas também do aval de Hugo Motta.
"Eu estou para conversar em breve com o novo presidente da Câmara para poder, de fato, ver a viabilidade disso. Vou conversar com ele e pode ter certeza de que, num futuro bem próximo, a gente vai conseguir as assinaturas necessárias para abrir essa CPI", afirmou o deputado.
Nikolas sustenta que o IBGE, especialmente durante a gestão do economista Marcio Pochmann, pode ter divulgado informações distorcidas para atender a interesses políticos. Ele defende que a investigação é de interesse público, pois garantiria mais transparência na produção de dados estatísticos utilizados para embasar políticas governamentais e decisões econômicas. O deputado criticou o que classificou como manipulação de informações, alegando que a população precisa confiar na veracidade dos números apresentados pelo instituto.
"Eu acredito que é de interesse de todos investigar esse instituto. Afinal de contas, quantos dados foram utilizados por questões políticas e não, de fato, para mostrar um extrato da realidade?", questionou.
A proposta do parlamentar tem ganhado adesão entre seus colegas, e ele acredita que será possível coletar o número mínimo de assinaturas exigido para a instalação da CPI. Para que uma comissão seja aberta na Câmara, é necessário o apoio de pelo menos um terço dos deputados, além da aprovação do presidente da Casa. Caso consiga avançar nessa etapa, o próximo passo seria a definição da composição da comissão e a elaboração do plano de trabalho.
O IBGE é responsável pela produção de estatísticas oficiais no Brasil, incluindo o Censo Demográfico e indicadores econômicos essenciais para o planejamento de políticas públicas. Nos últimos anos, o instituto tem sido alvo de críticas de diferentes espectros políticos, com acusações de interferência governamental e manipulação de dados. O governo federal, no entanto, nega qualquer influência indevida sobre o órgão e defende a credibilidade de suas pesquisas.
A possibilidade de abertura da CPI levanta debates no meio político e acadêmico. Especialistas alertam para o risco de politização das estatísticas, o que poderia comprometer a credibilidade do IBGE. Por outro lado, defensores da investigação afirmam que o órgão deve estar sujeito a escrutínio público para garantir a transparência de suas atividades.
Nos bastidores do Congresso, a proposta de Nikolas divide opiniões. Enquanto parlamentares alinhados à oposição demonstram interesse na CPI, aliados do governo federal veem a iniciativa como uma tentativa de desacreditar os dados oficiais. A liderança do governo na Câmara ainda não se manifestou oficialmente sobre o tema, mas é esperado que haja resistência à criação da comissão.
Caso avance, a CPI do IBGE poderá ter impactos significativos na política nacional, influenciando a forma como os dados estatísticos são coletados e divulgados no país. A expectativa é que as articulações políticas em torno da proposta se intensifiquem nas próximas semanas, especialmente após a reunião entre Nikolas Ferreira e Hugo Motta.