O diagnóstico de Gleisi sobre o derretimento de Lula

O diagnóstico de Gleisi sobre o derretimento de Lula

Brasil Unido


 A presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, apresentou recentemente sua análise sobre a queda na popularidade do presidente Lula. Para ela, os responsáveis por esse cenário são o mercado financeiro, os governadores, o Banco Central e a extrema-direita. Segundo Gleisi, a especulação cambial promovida pelo mercado financeiro impactou o preço dos alimentos, enquanto o chamado “terrorismo fiscal” minou a confiança econômica. Além disso, a elevação do ICMS sobre combustíveis, decidida pelos governadores, teria prejudicado diretamente o bolso dos consumidores. O Banco Central, por sua vez, teria contribuído para a situação ao manter juros elevados, dificultando o acesso ao crédito e a retomada do crescimento. Já a oposição de extrema-direita teria intensificado o desgaste do governo ao espalhar fake news, sendo a mais recente delas a narrativa de que o PIX seria taxado.


Se dependesse apenas da presidente do PT, a solução para o problema seria eliminar esses fatores do cenário político e econômico. Se não houvesse mercado financeiro especulando, governadores ajustando tributos, Banco Central autônomo e uma oposição ativa, a popularidade de Lula poderia alcançar índices tão elevados quanto os de um regime sem contestação. No entanto, como esses fatores não desaparecerão, Gleisi delineou uma série de ações que, segundo ela, podem recuperar a imagem do governo.


Entre as principais propostas está a necessidade de controlar os preços dos alimentos, seguindo determinação do presidente Lula. A declaração, no entanto, não deixa claro quais seriam os mecanismos para alcançar esse objetivo. Em um passado não tão distante, o Brasil experimentou tentativas de controle de preços, como na era Sarney, mas com resultados desastrosos, incluindo desabastecimento e aumento da inflação.


Além disso, a presidente do PT defendeu a distribuição gratuita de gás e remédios para a população, uma medida socialmente popular, mas que inevitavelmente enfrenta desafios fiscais. A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais também foi citada como um alívio para os trabalhadores, mas, assim como a medida anterior, dependeria de ajustes no orçamento e de uma compensação na arrecadação federal.


Outra estratégia apontada foi o aumento da oferta de crédito, que poderia impulsionar o consumo e estimular a economia. No entanto, Gleisi reconhece que essa iniciativa esbarra diretamente na política monetária do Banco Central, que mantém juros elevados sob o argumento de combater a inflação. A tensão entre o governo e a autoridade monetária tem sido um dos pontos centrais do debate econômico, com Lula e seus aliados criticando abertamente a atuação do presidente do BC, Roberto Campos Neto.


Por fim, a presidente do PT reforçou a necessidade de travar uma disputa política mais intensa contra a oposição. Em outras palavras, fortalecer a narrativa governista diante das críticas e da disseminação de informações falsas que prejudicam a imagem do governo. Esse embate, no entanto, não se dá em um terreno neutro. A oposição também se mobiliza ativamente para consolidar seu discurso e influenciar a percepção da população, tornando essa uma batalha permanente no campo da comunicação e das redes sociais.


A análise de Gleisi expõe um dilema central do governo Lula. Muitas das ações propostas para melhorar sua popularidade dependem justamente dos fatores que a presidente do PT apontou como responsáveis pelo desgaste da imagem presidencial. Dar gás e remédios gratuitos e ampliar a isenção do IR exigem espaço fiscal, o que esbarra na pressão do mercado financeiro. Aumentar o crédito esbarra nos juros altos do Banco Central. A disputa política contra a oposição envolve uma guerra de narrativas, onde ambos os lados acusam o outro de manipulação da informação.


Diante desse cenário, resta a dúvida sobre a viabilidade das medidas sugeridas. Enquanto o governo busca caminhos para recuperar a popularidade, enfrenta um ambiente econômico e político desafiador, onde cada ação precisa equilibrar impactos sociais, fiscais e institucionais. A popularidade de Lula pode não atingir os níveis de unanimidade de regimes sem oposição, mas dependerá, em grande parte, da capacidade do governo de lidar com os desafios e apresentar resultados concretos à população.

Tags