Petista contra petista: Vice-presidente do PT denuncia ministra de Lula

Petista contra petista: Vice-presidente do PT denuncia ministra de Lula

Brasil Unido


 O prefeito de Maricá (RJ) e vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, anunciou que denunciará a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ao conselho de ética do partido. A denúncia será apresentada nesta segunda-feira (17) durante a reunião do diretório nacional do PT. O motivo, segundo Quaquá, é a suposta indicação de um funcionário fantasma na prefeitura de Maricá durante a gestão passada, que teria ligações com Anielle Franco.


De acordo com o prefeito, investigações apontaram que Alex da Mata Barros, ex-assessor especial da autarquia Serviços de Obras de Maricá (Somar), ocupou o cargo entre junho de 2021 e janeiro de 2025, mas também prestou serviços ao Ministério da Igualdade Racial (MIR) enquanto ainda estava vinculado à prefeitura. Quaquá afirma que recebeu informações sobre a contratação irregular e decidiu abrir um inquérito para apurar o caso.

"Me mandaram um recado que havia sido contratado um funcionário fantasma a pedido dela. Sendo ou não dela, eu mandei abrir inquérito. Eu fui ver se esse caso de Maricá era verdadeiro e descobri que, além de tudo, o cara era ‘consultor’ dela enquanto ainda estava em Maricá. Infelizmente, na esquerda e na direita, temos esses santos de bordel. É por isso que o povo anda tão descrente em política", declarou Quaquá.

O prefeito ressaltou que levará o caso à comissão de ética do partido e comparou a situação à denúncia que Anielle Franco fez contra ele. A ministra havia pedido uma comissão de ética contra Quaquá após ele defender o deputado Chiquinho Brazão, preso preventivamente sob suspeita de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, irmã da ministra. "Ela pediu comissão de ética pra mim por ter defendido que o Brazão é inocente e não teve o devido processo legal no caso Marielle", afirmou o prefeito.

Alex da Mata Barros, o servidor apontado por Quaquá, foi contratado como consultor do Projeto Gente Negra “Reconstrução e Desenvolvimento”, vinculado ao Ministério da Igualdade Racial, em maio de 2024. A contratação ocorreu por meio de recursos de cooperação internacional gerenciados pelo Banco CAF. Segundo o Ministério da Igualdade Racial, a consultoria foi realizada de acordo com as normas legais e não há qualquer irregularidade no processo.

Em nota oficial, a pasta negou as acusações de Quaquá e defendeu a legalidade da contratação de consultores externos. O comunicado enfatiza que a consultoria foi financiada por recursos internacionais e seguiu critérios estabelecidos pelo Banco CAF. A nota também ressalta que o edital de seleção foi elaborado conforme padrões internacionais e não envolveu repasses diretos do governo federal.

O Ministério da Igualdade Racial classificou as declarações de Quaquá como perseguição política e reforçou que tomará medidas contra o que chamou de tentativa de desinformação. "A Ministra Anielle Franco afirma que perseguição política e violência política não serão toleradas e toda e qualquer tentativa de desinformação e fake news serão respondidas à altura, por medidas cabíveis", diz o comunicado.

O embate entre Quaquá e Anielle Franco expõe um racha dentro do PT e reacende debates sobre ética e condutas políticas dentro do partido. Quaquá, uma figura influente na política fluminense, tem um histórico de declarações polêmicas e embates com outros membros da legenda. Sua decisão de levar a denúncia ao conselho de ética pode intensificar disputas internas e ampliar divergências entre diferentes alas do partido.

A denúncia contra Anielle Franco também ocorre em um momento delicado para o governo Lula, que tem buscado consolidar sua base aliada e evitar crises internas que possam prejudicar sua governabilidade. O caso deve gerar repercussão dentro do PT e pode influenciar futuras disputas políticas dentro da sigla.

A reunião do diretório nacional do PT nesta segunda-feira será o palco para esse embate. A condução da denúncia e a resposta do partido à acusação podem definir os próximos passos tanto para Quaquá quanto para Anielle Franco dentro da legenda.
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