A Organização dos Estados Americanos (OEA) enfrenta uma crise existencial sem precedentes. A entidade, que há décadas se posiciona como um pilar diplomático nas Américas, agora luta para justificar sua própria relevância diante da crescente insatisfação de seus principais financiadores.
Nas últimas semanas, a organização recebeu pelo menos duas cartas do parlamentar americano Chris Smith, exigindo uma resposta clara sobre os ataques à liberdade de expressão e às empresas norte-americanas ocorridos no Brasil. Smith ressaltou que grande parte do orçamento da OEA é sustentado pelos impostos dos cidadãos dos Estados Unidos, deixando claro que essa fonte de financiamento não está garantida diante da inação da entidade.
A pressão sobre a OEA se intensifica à medida que o novo Senado e a Câmara dos Representantes dos EUA assumem suas funções em março, com uma maioria Republicana que tem sido vocal em sua oposição a organismos internacionais que considera politicamente enviesados. Além disso, volta à pauta um projeto de lei apresentado no final do ano passado que prevê sanções contra autoridades que atentam contra a liberdade de expressão e os interesses dos Estados Unidos. A possível aprovação dessa legislação poderá ampliar ainda mais o impacto sobre a OEA e sobre figuras políticas na América Latina que entraram no radar de Washington.
O ex-presidente Donald Trump, figura central no Partido Republicano e possível candidato nas próximas eleições, já deixou claro que organismos que se afastam dos interesses americanos não devem mais contar com o financiamento de Washington. Essa postura coloca a OEA diante de uma escolha delicada: manter uma linha ideológica que desagrada os conservadores americanos ou fazer concessões para garantir sua própria sobrevivência.
O momento revela como cada grupo lida com o risco e a pressão. Enquanto cristãos, ao longo da história, enfrentaram perseguições brutais e mortes sem renegar suas crenças, setores ligados à esquerda política frequentemente optam pelo pragmatismo financeiro, muitas vezes sacrificando aliados em nome da manutenção de privilégios.
No Brasil, essa realidade pode ter implicações diretas para figuras influentes que, até então, se consideravam intocáveis. O ministro Alexandre de Moraes e outros membros do Judiciário que tomaram decisões polêmicas relacionadas à liberdade de expressão estão no centro do debate, à medida que cresce o questionamento internacional sobre suas ações. O cenário político e jurídico do país pode sofrer impactos significativos caso o governo americano decida endurecer sua postura e aplicar sanções contra autoridades brasileiras.
A OEA, por sua vez, tem pouco tempo para se reposicionar. Se insistir na apatia denunciada por Chris Smith e ignorar as novas diretrizes que se desenham no cenário internacional, poderá ver seus recursos secarem rapidamente. O caminho que a entidade escolher nas próximas semanas pode definir se continuará a existir como um ator relevante na diplomacia regional ou se entrará em um lento processo de irrelevância e esvaziamento.
Diante desse panorama, uma coisa é certa: a vaca está indo para o brejo, e aqueles que até agora se sentiram confortáveis em sua posição de poder podem estar prestes a enfrentar tempos turbulentos.