O senador Sergio Moro (União-PR) e o deputado federal Mario Frias (PL-SP) protagonizaram uma intensa troca de farpas na rede social X nesta quarta-feira. O embate teve início após Frias criticar a Operação Lava Jato, o que motivou uma resposta irônica por parte de Moro. A discussão rapidamente escalou, resultando em trocas de insultos entre os dois políticos.
Mario Frias, ex-secretário especial de Cultura, utilizou suas redes sociais para criticar a Lava Jato, afirmando que a operação concedia poderes excessivos a juízes e promotores não eleitos, permitindo que cidadãos comuns fossem presos sob a justificativa de combate à corrupção. Ele argumentou que a operação foi politizada e usada de forma seletiva para atingir determinados alvos.
Sergio Moro, que atuou como juiz responsável pela Lava Jato e condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, rebateu com ironia. Em resposta à postagem de Frias, ele afirmou que enquanto a operação levava corruptos à cadeia, o deputado federal trabalhava como ator e desempenhava papéis cômicos na televisão. O comentário inflamado provocou uma reação ainda mais dura por parte de Frias, que chamou Moro de “cretino covarde” e “merdinha”, além de criticá-lo por não ter defendido Deltan Dallagnol quando este perdeu seu mandato de deputado.
O desentendimento entre os dois políticos expõe um racha dentro da direita brasileira, especialmente entre ex-integrantes do governo Bolsonaro. Enquanto Moro, que já foi ministro da Justiça, tenta consolidar sua atuação como senador e reforçar sua imagem de combatente da corrupção, Frias se posiciona de forma mais alinhada ao bolsonarismo raiz, que passou a ver a Lava Jato com desconfiança nos últimos anos.
A troca de ataques gerou grande repercussão nas redes sociais, dividindo opiniões entre apoiadores de ambos os lados. Alguns internautas defenderam Frias, argumentando que a Lava Jato realmente extrapolou seus limites e que Moro não deveria ter se envolvido na política após atuar como juiz. Outros criticaram Frias, dizendo que ele estava apenas tentando chamar atenção e que a operação foi essencial para expor esquemas de corrupção no Brasil.
Essa não é a primeira vez que Moro e Frias entram em atrito. O ex-juiz já foi alvo de críticas de bolsonaristas desde que deixou o Ministério da Justiça e rompeu com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Sua saída do governo foi marcada por acusações de interferência política na Polícia Federal, o que aprofundou o distanciamento entre ele e a ala mais fiel ao bolsonarismo.
Enquanto isso, Frias, que fez carreira na TV antes de ingressar na política, tem buscado se firmar como um dos nomes influentes da direita conservadora. Sua gestão na Secretaria Especial de Cultura foi marcada por polêmicas e embates com a classe artística, além de sua proximidade com o ex-presidente Bolsonaro. Seu posicionamento contrário à Lava Jato reflete uma mudança de postura dentro do grupo bolsonarista, que antes apoiava a operação, mas agora vê nela um instrumento que teria sido usado para desestabilizar o país politicamente.
A briga entre os dois políticos ocorre em um momento delicado para a direita brasileira, que enfrenta divisões internas e disputas por espaço na corrida eleitoral de 2026. Moro, que já foi cotado como possível candidato à Presidência, ainda não definiu seus próximos passos políticos, enquanto Frias segue como um dos nomes do PL na Câmara dos Deputados.
Especialistas avaliam que discussões como essa podem enfraquecer a oposição ao governo Lula, desviando o foco dos debates centrais e criando mais atritos dentro do próprio campo conservador. A polarização interna pode prejudicar a construção de uma candidatura unificada para o futuro, deixando espaço para que adversários políticos aproveitem as divergências a seu favor.
O episódio reforça a tensão que persiste dentro da direita, especialmente entre aqueles que apoiaram Bolsonaro no passado e agora buscam novas estratégias para se manterem relevantes no cenário político. A postura de Moro, que tenta manter uma imagem mais técnica e menos ideológica, contrasta com a de Frias, que se alinha com a ala mais radical do bolsonarismo.
Embora as redes sociais tenham sido palco dessa troca de insultos, é possível que os desdobramentos desse embate cheguem ao Congresso Nacional. Ambos os políticos possuem grande influência e podem continuar alimentando a rivalidade, seja em discursos ou em posicionamentos políticos.
A repercussão do caso mostra como as redes sociais se tornaram um campo de batalha para políticos brasileiros, que frequentemente utilizam essas plataformas para disputas públicas e reforço de suas bases eleitorais. Se a tendência continuar, novos confrontos como esse podem surgir nos próximos meses, especialmente com a proximidade do período eleitoral.