A recente decisão do presidente Donald Trump de retirar novamente os Estados Unidos do Acordo de Paris gerou grande impacto no cenário político internacional e ameaça diretamente os planos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A medida, que já era esperada, coloca em risco a relevância da Conferência do Clima (COP 30), que está prevista para acontecer em novembro deste ano em Belém, no Pará.
O Acordo de Paris é um tratado global firmado em 2015, com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa e combater as mudanças climáticas. Durante seu primeiro mandato, Trump retirou os EUA do pacto em 2017, mas seu sucessor, Joe Biden, reintegrou o país assim que assumiu o cargo em 2021. Agora, com Trump novamente na presidência, a decisão de sair do tratado se repete, causando apreensão entre líderes mundiais e, especialmente, no governo brasileiro, que tem apostado na COP 30 como um evento estratégico para fortalecer sua imagem no exterior.
Segundo assessores do governo brasileiro, a decisão norte-americana pode desencadear um efeito dominó, influenciando outros países a repensarem seus compromissos ambientais. Os Estados Unidos são historicamente o maior emissor de gases do efeito estufa e, sem sua participação ativa, há um temor de que nações menos comprometidas também reduzam seus esforços na luta contra o aquecimento global.
Além do impacto ambiental, a medida representa um revés diplomático para o Brasil. O governo de Lula vinha articulando a realização da COP 30 como uma oportunidade para reafirmar seu protagonismo na agenda ambiental e conquistar investimentos internacionais voltados para a preservação da Amazônia. Com a saída dos EUA do acordo, a credibilidade do evento fica abalada e há um risco real de que importantes líderes mundiais, incluindo o próprio Trump, não compareçam à conferência.
Diante desse cenário, a China surge como um possível contrapeso à decisão de Trump. O governo chinês tem demonstrado interesse em reforçar seus compromissos ambientais e pode utilizar a COP 30 para reafirmar seu papel de liderança na questão climática. Segundo fontes do Planalto, Lula aposta na participação da China para equilibrar a ausência dos Estados Unidos e garantir que o evento mantenha sua relevância global.
No entanto, o cenário ainda é incerto. Especialistas alertam que, sem o envolvimento dos EUA, a conferência corre o risco de perder força e se tornar um evento esvaziado. Além disso, há o temor de que a decisão de Trump impulsione uma onda de ceticismo climático entre líderes de outros países, enfraquecendo os compromissos assumidos nos últimos anos.
Enquanto isso, setores da oposição ao governo brasileiro têm aproveitado o episódio para criticar a dependência da agenda ambiental de Lula em relação à política internacional. Parlamentares e analistas conservadores argumentam que o presidente deveria priorizar soluções domésticas para os desafios ambientais em vez de apostar na realização de grandes eventos que podem não trazer resultados concretos.
A decisão de Trump também reforça o contraste entre sua administração e a de Lula no que diz respeito à política ambiental. Enquanto o líder brasileiro tem buscado fortalecer acordos internacionais e atrair investimentos para a preservação da Amazônia, Trump mantém uma postura cética em relação às mudanças climáticas e defende a desregulamentação ambiental como forma de impulsionar a economia dos EUA.
Nos bastidores, diplomatas brasileiros trabalham para minimizar os danos causados pela retirada dos EUA do Acordo de Paris e garantir que a COP 30 mantenha seu status de evento de relevância global. A estratégia inclui o fortalecimento de parcerias com a União Europeia e outras nações comprometidas com a agenda climática.
O episódio marca mais um capítulo da complexa relação entre Trump e Lula, dois líderes com visões opostas sobre diversos temas. Enquanto Trump busca consolidar sua base política nos Estados Unidos ao reforçar pautas conservadoras e nacionalistas, Lula aposta no multilateralismo e na diplomacia como pilares de sua política externa.
Com a COP 30 se aproximando, a grande questão agora é saber até que ponto a ausência dos Estados Unidos poderá comprometer os resultados esperados para a conferência. Para o governo brasileiro, o desafio será transformar esse revés em uma oportunidade para fortalecer sua liderança no debate ambiental e garantir que o evento aconteça com sucesso, apesar da saída de uma das maiores potências mundiais do principal tratado climático do planeta.