O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou no sábado, durante uma transmissão ao vivo no canal Brazil Talking News, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) teria recebido financiamento externo para influenciar o resultado das eleições presidenciais de 2022. Bolsonaro sugeriu que essa interferência teria sido determinante para sua derrota e a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante a transmissão, Bolsonaro mencionou que o TSE teria “arranjado” cerca de 2 milhões de votos de jovens para Lula. Ele argumentou que três quartos desse eleitorado costumam votar na esquerda e destacou que essa quantidade de votos corresponde à diferença exata entre ele e o petista no resultado final da eleição. Segundo o ex-presidente, esse suposto direcionamento do voto juvenil teria sido um dos principais fatores que levaram à sua derrota nas urnas.
Além disso, Bolsonaro reforçou que sua campanha foi alvo de censura por parte do TSE. Ele afirmou que não pôde divulgar imagens de Lula em uma comunidade dominada pelo tráfico, onde, segundo ele, o atual presidente teria circulado sem segurança e usando um boné com símbolos ligados ao crime organizado. O ex-presidente também disse que foi proibido de divulgar declarações sobre temas polêmicos envolvendo Lula, como seu posicionamento em relação ao aborto e suas relações com líderes de governos autoritários na América Latina. Bolsonaro citou especificamente os ex-presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e o atual mandatário Nicolás Maduro, além de outros líderes que, segundo ele, representam regimes ditatoriais.
Outro ponto abordado pelo ex-presidente foi o suposto papel dos Estados Unidos na eleição brasileira. Bolsonaro mencionou declarações de Michael Benz, ex-chefe da divisão de informática do Departamento de Estado dos EUA durante o governo de Donald Trump. Benz afirmou que a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) teve um papel crucial na eleição de 2022 no Brasil, financiando iniciativas que, segundo ele, promoveram a censura contra Bolsonaro e favoreceram Lula.
Segundo Benz, a Usaid teria patrocinado ONGs alinhadas à esquerda e que atuavam para enfraquecer o governo Bolsonaro. Além disso, ele alegou que a agência norte-americana trabalhou no controle da informação, dificultando a disseminação de conteúdos favoráveis ao ex-presidente e sua reeleição. Para reforçar essa tese, Benz afirmou que, sem a atuação da Usaid, Bolsonaro ainda estaria no poder.
As declarações do ex-presidente reacendem as discussões sobre o impacto da influência estrangeira nas eleições brasileiras e a atuação do TSE durante o pleito de 2022. Desde a sua derrota, Bolsonaro tem levantado questionamentos sobre a lisura do processo eleitoral, apontando supostas irregularidades que teriam favorecido Lula. No entanto, o TSE e demais instituições responsáveis pela condução das eleições negam qualquer interferência externa ou fraude no sistema eleitoral brasileiro.
A fala de Bolsonaro também ocorre em um momento em que ele enfrenta uma série de investigações e processos judiciais. O ex-presidente já foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral até 2030, após ser condenado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Além disso, ele é alvo de investigações que apuram sua suposta participação em um esquema para questionar o resultado das eleições e incentivar atos golpistas no país.
Diante dessas acusações, a oposição critica as declarações de Bolsonaro, classificando-as como mais uma tentativa de descredibilizar as instituições democráticas do Brasil. Aliados do presidente Lula ressaltam que todas as eleições realizadas no país seguem um sistema seguro e transparente, auditado por diferentes órgãos nacionais e internacionais.
Por outro lado, apoiadores de Bolsonaro defendem que as declarações do ex-presidente devem ser investigadas e que há indícios de interferência externa no processo eleitoral. Para esse grupo, a atuação do TSE na campanha de 2022 foi parcial e prejudicou a candidatura de Bolsonaro ao restringir a divulgação de determinados conteúdos e declarações.
A polêmica envolvendo as declarações de Bolsonaro sobre o financiamento externo do TSE promete alimentar novas discussões no cenário político nacional. A repercussão das acusações pode levar a desdobramentos jurídicos e políticos, além de intensificar ainda mais o embate entre o ex-presidente e as instituições brasileiras.