A confiança dos brasileiros nas Forças Armadas tem enfrentado uma queda significativa nos últimos anos, atingindo um patamar alarmante, de acordo com uma pesquisa recente divulgada pelo instituto Atlas. O levantamento, realizado entre os dias 11 e 13 de fevereiro de 2025, revelou que apenas 24% da população ainda confia no Exército Brasileiro, na Marinha do Brasil e na Força Aérea Brasileira. Em contrapartida, 70% dos entrevistados afirmaram não confiar nas Forças Armadas, enquanto 4% disseram não saber ou não opinaram sobre o assunto.
A pesquisa foi elaborada para o canal de TV a cabo CNN Brasil e entrevistou 817 pessoas recrutadas aleatoriamente pela internet. Segundo os responsáveis pelo estudo, a amostra foi calibrada para representar a composição demográfica da população adulta do Brasil. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.
O declínio na credibilidade das Forças Armadas tem sido observado desde meados de 2023, quando começaram a surgir questionamentos sobre o papel da instituição no cenário político e sua postura diante de crises institucionais. Tradicionalmente vistas como uma das instituições mais respeitadas do país, as Forças Armadas passaram a enfrentar desconfiança após episódios que levantaram dúvidas sobre sua imparcialidade e compromisso com a democracia.
Especialistas apontam que essa queda na confiança pode estar relacionada à percepção de que setores militares se envolveram excessivamente na política nos últimos anos. O uso das Forças Armadas em discussões políticas e os debates sobre seu posicionamento em momentos críticos da democracia brasileira podem ter afetado a imagem da instituição perante a população. Além disso, declarações controversas de militares da ativa e da reserva sobre temas políticos e institucionais contribuíram para reforçar essa desconfiança.
Outro fator que pode ter influenciado a queda na credibilidade das Forças Armadas é a percepção da população sobre sua atuação em questões administrativas e de segurança pública. O envolvimento de militares em cargos de governo e a condução de políticas públicas por membros das Forças geraram debates sobre a competência e os limites da instituição no cenário civil. Para muitos brasileiros, o desempenho dos militares em funções administrativas não correspondeu às expectativas, levando a um desgaste na imagem da instituição.
A pesquisa também reflete um cenário mais amplo de desconfiança em relação às instituições no Brasil. Nos últimos anos, o país tem enfrentado crises políticas e sociais que impactaram a credibilidade de diversos órgãos e entidades. O descrédito em relação às Forças Armadas se soma a um contexto de crescente insatisfação da população com as lideranças políticas, o sistema judiciário e outras instituições públicas.
Diante desse cenário, especialistas sugerem que as Forças Armadas devem reforçar sua postura de neutralidade política e concentrar seus esforços em sua função constitucional de defesa nacional. A necessidade de preservar a imagem da instituição como um pilar do Estado brasileiro e distante de disputas políticas é considerada fundamental para recuperar a confiança da população.
Embora a pesquisa indique um quadro preocupante para as Forças Armadas, o índice de 24% de confiança ainda representa uma parcela significativa da população que acredita na instituição. Para alguns analistas, isso sugere que, apesar da queda na credibilidade, há um grupo que continua a enxergar os militares como essenciais para a segurança e a estabilidade do país.
O futuro da confiança nas Forças Armadas dependerá das medidas adotadas para reforçar sua credibilidade e garantir que a instituição se mantenha fiel aos princípios democráticos. A reconstrução da imagem da instituição pode levar tempo, mas especialistas apontam que um compromisso claro com sua missão constitucional e o afastamento de questões políticas podem ser passos importantes nesse processo.
Com o avanço das discussões sobre o papel das Forças Armadas no Brasil, a população continuará observando atentamente sua conduta nos próximos anos. A forma como a instituição lidará com esse momento de crise de confiança pode definir seu futuro e sua relação com a sociedade brasileira.