Livre nas redes sociais, Allan não perdoa e volta a provocar Moraes

Política

O jornalista brasileiro Allan dos Santos, conhecido por seu posicionamento conservador e por ser crítico ferrenho do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a causar polêmica nas redes sociais. Refugiado nos Estados Unidos e considerado foragido pela Justiça brasileira, Allan parece ter encontrado uma nova brecha para continuar se expressando sem ser imediatamente silenciado pelas decisões do ministro Alexandre de Moraes.

Nos últimos anos, a atuação do jornalista se tornou um dos focos do STF, especialmente após a abertura de inquéritos que o apontam como disseminador de desinformação. Seus perfis em plataformas como Twitter e Instagram eram, até pouco tempo atrás, alvos frequentes de ordens judiciais para remoção de conteúdo e bloqueio completo. Porém, algo mudou.

O silêncio inesperado da caneta de Moraes

Anteriormente, bastava Allan criar um novo perfil em qualquer rede social para que, em questão de horas ou poucos dias, ele fosse derrubado por determinação do STF. A velocidade com que essas ordens eram emitidas mostrava a vigilância constante das autoridades brasileiras sobre qualquer tentativa do jornalista de retomar seu espaço na internet. Isso fazia parte de uma estratégia jurídica que tentava conter a influência de figuras consideradas propagadoras de fake news.

Contudo, os mais recentes perfis de Allan têm surpreendido. Já se passaram semanas desde a criação de suas novas contas, e até o momento, nenhuma decisão de Moraes chegou para silenciá-las. Essa mudança tem levantado especulações entre apoiadores e críticos: seria uma nova estratégia do STF? Uma omissão deliberada? Ou estariam as autoridades receosas de outras implicações legais?

Ironia afiada e recado direto

Sem perder tempo, Allan usou sua reestreia nas redes para provocar, com a mesma ironia cortante que sempre o caracterizou. Em uma de suas primeiras publicações, fez questão de zombar diretamente de Moraes, a quem já atacou publicamente em inúmeras ocasiões. Com uma linguagem provocativa, publicou:

“Testando: se você está vendo esse tuíte, isso significa que o Cabeça de Piroca está com medinho da LEI MAGNITSKY e minha conta não caiu.
Deixe sua curtida ou comentário caso você esteja no Brasil e vendo que NINGUÉM ME CALOU.”

A fala, embora recheada de escárnio, levanta pontos interessantes. A menção à chamada “Lei Magnitsky” não é à toa. Trata-se de uma legislação internacional que permite a imposição de sanções a indivíduos estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves dos direitos humanos. A lei já foi usada por diversos países, incluindo os Estados Unidos, para punir autoridades e figuras públicas envolvidas em abusos de poder.

Lei Magnitsky como possível escudo

A referência à Lei Magnitsky no tweet de Allan tem o objetivo claro de intimidar. Ele dá a entender que, por estar nos Estados Unidos e sob possível proteção de uma legislação internacional, qualquer ação do governo brasileiro contra ele poderia ser enquadrada como abuso de autoridade e até mesmo provocar consequências diplomáticas.

Apesar de não haver confirmação oficial de que Allan esteja sob esse tipo de proteção, o jornalista tem frequentemente alegado estar sendo perseguido por motivações políticas e ideológicas. Para seus seguidores, ele é visto como uma espécie de exilado que fugiu de um sistema judicial que, segundo ele, tem se comportado como um mecanismo de censura estatal.

Liberdade de expressão ou desafio à Justiça?

A volta de Allan às redes sociais reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão em tempos de polarização política. Para alguns, o jornalista representa uma voz dissidente que denuncia o que considera abusos por parte do STF e do sistema judicial brasileiro. Para outros, ele é um propagador de desinformações perigosas, que colocam em risco a ordem democrática.

O confronto direto com Alexandre de Moraes não é novidade. Desde que o ministro assumiu a relatoria dos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos, ele passou a ser um dos principais alvos de ataques do jornalista. O que muda agora é que Allan parece estar mais confortável para continuar sua ofensiva, sem sofrer represálias imediatas.

A batalha pela narrativa

Enquanto a Justiça brasileira mantém seus olhos voltados para figuras como Allan, ele aposta alto no poder das redes sociais para conquistar simpatizantes e moldar sua narrativa. O tempo em que seus perfis eram rapidamente apagados pode ter criado uma sensação de mártir entre seus apoiadores. Agora, com sua presença digital aparentemente consolidada — ao menos por ora —, essa narrativa se fortalece.

Mesmo fora do Brasil, Allan continua influente entre setores da direita política e entre grupos que enxergam o STF como um órgão autoritário. Seu discurso, embora radical para muitos, encontra eco em pessoas que compartilham o mesmo sentimento de desconfiança em relação às instituições.

O que esperar daqui para frente?

A questão que paira no ar é: até quando Allan permanecerá no ar? E mais importante, o que significa esse aparente recuo do STF em relação às suas contas? A resposta pode estar em futuras movimentações jurídicas — tanto no Brasil quanto em esfera internacional.

Enquanto isso, Allan segue ativo, provocador e estrategicamente posicionado como alguém que, aos olhos de seus apoiadores, conseguiu burlar um sistema que antes o silenciava com facilidade. Com ou sem ironia, ele mandou o recado: não foi calado — e ainda tem muito a dizer.

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