O início do depoimento de Mauro Cid ao Supremo Tribunal Federal (STF) já está causando alvoroço nos bastidores políticos e jurídicos. Em uma audiência marcada por um clima de tensão, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro começou a responder aos questionamentos do ministro Alexandre de Moraes. Apesar de o interrogatório ainda estar em estágio inicial, várias informações novas começaram a emergir — e algumas das principais narrativas que vinham sendo sustentadas até agora já começaram a ruir.
Mauro Cid e Alexandre de Moraes: um encontro tenso
Fontes próximas ao STF relatam que Mauro Cid demonstrou estar visivelmente nervoso diante do ministro Alexandre de Moraes. O comportamento do ex-ajudante de ordens contrastou com a postura mais firme que havia demonstrado em outras fases do processo. Segundo relatos, ele suava, gaguejava e hesitava em responder algumas perguntas mais diretas.
A tensão é compreensível. Esta é uma das oitivas mais aguardadas dos últimos tempos, não apenas pelos investigadores, mas também pelo meio político e pela imprensa. A expectativa é que Mauro Cid entregue informações importantes sobre os bastidores do governo Bolsonaro e sobre possíveis ilegalidades ocorridas durante e após a gestão presidencial.
As primeiras contradições começam a aparecer
Logo nas primeiras perguntas feitas por Moraes, algumas versões anteriormente divulgadas pela defesa de Cid e por aliados começaram a se mostrar inconsistentes. Em especial, há indícios de que ele está revisando pontos de seus depoimentos anteriores, o que levanta questionamentos sobre sua estratégia jurídica e sobre os motivos que o levaram a mudar sua narrativa.
Fontes que acompanham o processo sugerem que parte das revelações envolve os bastidores da tentativa de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro. Trechos do depoimento já sinalizam um esforço articulado para plantar dúvidas sobre as urnas eletrônicas e o processo democrático — o que pode reforçar acusações de tentativa de golpe ou abalo institucional.
A delação premiada e os riscos do novo depoimento
Vale lembrar que Mauro Cid já havia firmado um acordo de delação premiada. No entanto, esse novo depoimento pode colocar esse acordo em xeque caso se comprove que ele omitiu informações relevantes anteriormente. O próprio Moraes teria feito advertências nesse sentido, sinalizando que omissões ou mentiras intencionais podem anular os benefícios da delação.
Juristas observam que essa instabilidade pode prejudicar ainda mais a situação de Cid e, ao mesmo tempo, abrir novas linhas de investigação. A depender do conteúdo das declarações e das provas que forem apresentadas, o círculo pode se fechar ainda mais em torno de outros nomes que atuaram nos bastidores do antigo governo.
Quem está na mira: outros nomes citados
Embora o teor completo do depoimento ainda esteja sob sigilo, circulam informações de que Mauro Cid citou nomes de figuras-chave da gestão Bolsonaro e de setores das Forças Armadas. Há também menções a reuniões, documentos confidenciais e supostas orientações vindas diretamente do ex-presidente.
Se confirmadas essas informações, o caso pode tomar proporções ainda mais graves. A conexão entre militares, membros do governo e possíveis estratégias ilegais para se manter no poder é um dos focos centrais das investigações conduzidas pelo STF.
Efeitos políticos imediatos
As primeiras revelações já começaram a repercutir em Brasília. Políticos da oposição estão cautelosos, enquanto aliados do bolsonarismo tentam minimizar o impacto das declarações de Cid. Alguns parlamentares já começaram a criticar publicamente o ex-ajudante de ordens, acusando-o de traição ou de estar inventando fatos para proteger a si mesmo.
Nos bastidores, no entanto, a tensão é palpável. Assessores e líderes partidários acompanham cada detalhe do depoimento com atenção, cientes de que as consequências podem ser profundas — tanto no cenário jurídico quanto na disputa eleitoral de 2026.
Moraes adota postura firme
O ministro Alexandre de Moraes, relator dos principais inquéritos sobre ataques à democracia e fake news, adotou uma postura firme desde o início da oitiva. Sem rodeios, fez perguntas diretas e exigiu respostas objetivas. Moraes sabe do peso político e institucional desse depoimento, e deixou claro que não tolerará evasivas ou tentativas de manipular a verdade.
A presença do ministro frente a frente com Mauro Cid também é um indicativo da seriedade com que o STF encara o caso. Não é comum que ministros participem diretamente de interrogatórios — o que reforça a importância estratégica desse momento para o Judiciário.
O que esperar daqui para frente?
Apesar de ainda estarmos no início do depoimento, os desdobramentos já são significativos. Há expectativa de que novas fases das investigações sejam abertas com base nas informações fornecidas por Cid. Também é possível que outras pessoas sejam convocadas a depor, especialmente aquelas mencionadas nos relatos do ex-ajudante.
Além disso, o conteúdo dessa oitiva pode fortalecer ou fragilizar processos já em andamento contra o ex-presidente Bolsonaro, incluindo os que investigam a suposta tentativa de golpe e o uso indevido da estrutura do Estado para fins eleitorais e ideológicos.
Um divisor de águas
O interrogatório de Mauro Cid pode se tornar um marco nos processos que investigam o período pós-eleitoral de 2022 e os ataques às instituições democráticas. Se o depoimento mantiver o ritmo de revelações observado nas primeiras horas, o país pode assistir a um verdadeiro terremoto político e jurídico nos próximos dias.
Enquanto isso, o Brasil segue atento, esperando para ver até onde irão as revelações e quais serão as consequências para os envolvidos. A cada nova fala de Cid, cresce a sensação de que estamos apenas no começo de uma longa e turbulenta jornada rumo à verdade.