Durante um encontro público em Fortaleza nesta sexta-feira (30), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez declarações fortes sobre a situação política atual e a decisão de seu filho Eduardo Bolsonaro de deixar o país. Segundo Bolsonaro, caso Eduardo não tivesse saído do Brasil em março, ele já estaria atrás das grades.
“Com toda certeza estaria preso”, afirma Bolsonaro
No discurso, Bolsonaro abordou o momento delicado enfrentado por sua família e seus aliados, destacando o que chamou de perseguição política e judicial. O ex-presidente afirmou com convicção que a saída de Eduardo do Brasil foi uma medida necessária para evitar uma prisão, que, segundo ele, seria inevitável.
“Se ele estivesse aqui, certamente estaria preso”, disse Bolsonaro ao comentar a ausência do filho no país.
Críticas ao Judiciário brasileiro
Em tom crítico, Bolsonaro atacou o sistema de justiça do país. Segundo ele, a maior preocupação de seus aliados não são as acusações em si, mas sim quem está julgando os casos.
“Não temos medo das acusações. O problema está em quem nos julga”, declarou, insinuando que o sistema não atua com imparcialidade quando se trata de pessoas ligadas ao seu grupo político.
Essa crítica faz parte de uma narrativa que o ex-presidente vem adotando desde o fim do seu mandato, colocando em xeque a neutralidade de setores do Judiciário, especialmente em casos que envolvem seus aliados mais próximos e familiares.
Eduardo Bolsonaro se manifesta nas redes sociais
Após a fala do pai, Eduardo Bolsonaro usou a rede social X (antigo Twitter) para responder de maneira simbólica, usando metáforas para encorajar seus apoiadores. Ele escreveu:
“Se ficarmos unidos venceremos. Somos uma maioria de búfalos correndo para cima de um leão. Tenha fé.”
A mensagem foi interpretada como uma tentativa de manter o moral dos seguidores elevado, reforçando a ideia de resistência contra o que consideram uma injustiça.
Clima de tensão e perseguição política
O comentário de Bolsonaro em Fortaleza acentuou a sensação de que a relação entre o seu grupo político e o sistema judiciário está cada vez mais tensa. Para muitos simpatizantes do ex-presidente, há uma perseguição sistemática contra figuras ligadas ao bolsonarismo.
Essa tensão cresceu desde que investigações contra membros do seu governo e sua família foram intensificadas, resultando em operações policiais, bloqueios de contas e quebras de sigilo.
A saída estratégica de Eduardo
A viagem de Eduardo Bolsonaro para fora do Brasil não foi bem explicada oficialmente, mas agora ganha um novo significado após as falas do pai. Bolsonaro indicou que a medida foi uma precaução para evitar uma possível prisão que, segundo ele, já estava sendo articulada.
A ausência de Eduardo do cenário político brasileiro é sentida principalmente entre os apoiadores mais radicais, que viam nele uma das principais vozes de resistência dentro do Congresso. Eduardo é conhecido por suas posições firmes e sua conexão direta com figuras internacionais de direita, como Donald Trump e Steve Bannon.
Comparação com outros casos
A declaração de Bolsonaro sobre Eduardo trouxe à tona comparações com outros episódios recentes em que aliados seus foram alvos de decisões judiciais. Parlamentares, ex-ministros e influenciadores alinhados ao bolsonarismo foram alvos de operações autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal, sob acusações que variam de incitação ao golpe até disseminação de fake news.
Para muitos apoiadores, essas ações são vistas como uma tentativa de silenciar a oposição ao atual governo e desmobilizar a direita conservadora.
A narrativa do “nós contra eles”
O discurso de Bolsonaro reforça a narrativa que ele tem usado desde a campanha de 2018: um confronto direto entre o “sistema” e o “povo”. Ao se colocar como vítima de um suposto sistema opressor e injusto, ele tenta manter sua base mobilizada e fiel.
Frases como “não tememos as acusações” e “o problema é quem nos julga” ecoam entre seus apoiadores como um chamado à resistência. A ideia de que o sistema não é confiável e que existe uma perseguição seletiva contra os conservadores fortalece o discurso de vitimização e cria um ambiente de polarização constante.
Reações divididas nas redes sociais
A declaração gerou reações mistas nas redes sociais. Enquanto os apoiadores do ex-presidente expressaram solidariedade e reafirmaram sua lealdade à família Bolsonaro, críticos afirmaram que as falas demonstram medo da Justiça e tentativas de se eximir de responsabilidade.
Entre os comentários positivos, muitos citaram “fé”, “perseverança” e “luta” como palavras de ordem. Já entre os críticos, houve quem apontasse que, se Eduardo Bolsonaro tem algo a temer da Justiça, deveria responder dentro do país, como qualquer cidadão.
Bolsonaro se mantém ativo politicamente
Mesmo sem cargo eletivo atualmente, Jair Bolsonaro continua atuando politicamente por meio de eventos, redes sociais e articulações com parlamentares do PL (Partido Liberal). Ele tem viajado pelo país e participado de encontros com apoiadores, reforçando seu papel como líder da oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
O episódio envolvendo Eduardo é mais um capítulo na estratégia de Bolsonaro de manter sua base unida, inflamando o discurso contra o sistema e posicionando-se como a principal alternativa da direita para as eleições futuras.
“Se estivesse aqui não seria o passaporte, (Eduardo) certamente estaria preso”, @jairbolsonaro.
Se ficarmos unidos venceremos. Somos uma maioria de búfalos correndo para cima de um leão. Tenha fé. pic.twitter.com/8EV7VZ49PC
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) May 30, 2025