Eduardo Bolsonaro responde a Lula após ter atuação nos EUA chamada de ‘terrorista’

Política

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a protagonizar um embate político direto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em discurso realizado na terça-feira, 3 de junho, Lula classificou a atuação do parlamentar nos Estados Unidos como “terrorista” e criticou duramente o que chamou de submissão do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro ao ex-presidente norte-americano Donald Trump.

Em resposta imediata nas redes sociais, Eduardo divulgou um vídeo onde rebate as declarações de Lula. “Enquanto ele tenta retornar ao ‘local do crime’ para assaltar aposentados e as estatais, estou nos Estados Unidos lutando pela liberdade do povo brasileiro”, afirmou, sem apresentar qualquer prova para as acusações feitas ao presidente da República.

Acusações e disputas narrativas

A troca de farpas entre Lula e Eduardo Bolsonaro é mais um capítulo da acirrada disputa política que marca o cenário nacional. Lula, durante seu discurso, não economizou críticas ao parlamentar licenciado. Ele o acusou de “lamber as botas” de Donald Trump e de agir contra os interesses do Brasil, classificando a conduta como “lamentável” e “antipatriótica”.

“É inacreditável que um deputado federal peça licença para sair do país e vá aos Estados Unidos trabalhar como assessor de Trump, tentando interferir na política brasileira”, afirmou o presidente.

Por sua vez, Eduardo Bolsonaro respondeu à altura, utilizando ironia e projeções eleitorais para o futuro: “Ano que vem, ele será aposentado da vida pública. Se Deus quiser, um Bolsonaro vai voltar à Presidência da República”, declarou, sem esclarecer se referia ao pai ou a ele próprio.

Contexto da investigação no STF

A escalada da tensão acontece em meio a uma investigação em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo Eduardo Bolsonaro. O inquérito apura uma suposta tentativa de coação no contexto das investigações sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. As autoridades investigam se o deputado está usando sua posição e contatos internacionais para pressionar instituições brasileiras, em especial no caso envolvendo seu pai, Jair Bolsonaro, atualmente inelegível até 2030.

Na segunda-feira, 2, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias, prestou depoimento à Polícia Federal no âmbito da mesma investigação. Segundo informações, Eduardo estaria incentivando grupos e entidades americanas a interferirem diretamente nos processos judiciais em andamento no Brasil.

Atuação internacional e encontros políticos

Durante sua permanência nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro tem mantido uma agenda voltada a reuniões com políticos e ativistas conservadores. De acordo com ele, o objetivo é denunciar “violações de direitos humanos” no Brasil, embora não apresente elementos concretos para fundamentar tais alegações.

O parlamentar também afirmou que sua presença no exterior visa buscar apoio para a imposição de sanções contra autoridades brasileiras envolvidas em investigações que atingem a família Bolsonaro. A estratégia, no entanto, vem sendo duramente criticada por diversos setores políticos e jurídicos, que apontam uma possível tentativa de subversão da soberania nacional.

Disputa de versões e acusações sem provas

No vídeo publicado em sua conta no X (antigo Twitter), Eduardo Bolsonaro elevou o tom contra o presidente da República, afirmando que Lula tem interesse em retornar ao poder para “roubar o INSS” e “pilhar as estatais”. Ele não apresentou provas para sustentar essas acusações, e especialistas lembram que os esquemas de fraude no INSS a que Eduardo se refere vêm sendo investigados desde 2016, ainda no governo Michel Temer, com aumento de desvios detectados nos últimos anos, inclusive sob a atual gestão petista.

Essa narrativa, embora popular entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, vem sendo constantemente questionada por analistas políticos e órgãos de controle, que reforçam a necessidade de apuração técnica e independente dos casos de corrupção, sem exploração política desinformada.

Eduardo Bolsonaro e o futuro político

Com o ex-presidente Jair Bolsonaro fora da corrida eleitoral até o fim da década, Eduardo tem sido cogitado como possível sucessor político do pai. Seu nome circula tanto como potencial candidato ao Senado por São Paulo quanto como presidenciável nas eleições futuras. No entanto, seu envolvimento em investigações e a postura combativa adotada no exterior levantam dúvidas sobre sua viabilidade eleitoral.

Apesar disso, Eduardo mantém um discurso firme e alinhado com a base bolsonarista mais radical, defendendo pautas como o conservadorismo, o armamento da população e o combate à esquerda. Seu comportamento também tem se mostrado afinado com o modus operandi do ex-presidente Donald Trump, de quem é admirador declarado.

Repercussão política e institucional

A reação do presidente Lula ao posicionamento de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos foi recebida com apoio por setores governistas, que enxergam na postura do deputado uma afronta às instituições brasileiras. Parlamentares da base do governo classificaram como inadmissível que um representante eleito se ausente do país para buscar apoio internacional contra autoridades nacionais.

Já na oposição, a fala de Lula foi vista como uma tentativa de intimidar adversários e desviar o foco de questões internas do governo. Líderes bolsonaristas defenderam Eduardo, dizendo que ele está exercendo seu direito de se expressar politicamente, mesmo no exterior.

Conclusão: polarização sem trégua

O embate entre Lula e Eduardo Bolsonaro é mais um reflexo da polarização que domina a política brasileira nos últimos anos. De um lado, um presidente que tenta retomar a agenda institucional e fortalecer o protagonismo do Brasil no cenário internacional; de outro, um deputado licenciado que atua como porta-voz de um movimento de contestação às instituições e às eleições.

A narrativa de “luta pela liberdade” versus “ameaça à democracia” continua dividindo opiniões, inflamando as redes sociais e movimentando os bastidores da política nacional. E com as eleições municipais de 2024 no horizonte e os planos para 2026 se desenhando, episódios como esse devem continuar sendo recorrentes na disputa pelo poder no Brasil.

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