Na noite de terça-feira (27), milhões de brasileiros acompanharam a propaganda eleitoral do Partido Liberal (PL) transmitida em rede nacional de televisão. O destaque da peça de 30 segundos foi o ex-presidente Jair Bolsonaro, que utilizou o espaço para lançar duras críticas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva e defender a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) com foco no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Defesa da CPMI: “Aposentadoria é sagrada”
Durante a exibição, Bolsonaro demonstrou indignação com os relatos de irregularidades e desvios dentro do INSS. Para ele, aposentados e pensionistas vêm sendo desrespeitados e ignorados pelas autoridades atuais, o que considera inaceitável.
“Aposentadoria é sagrada”, enfatizou o ex-presidente, destacando que seu partido, o PL, não tolera qualquer tipo de desvio de recursos que deveriam estar sendo destinados aos idosos que contribuíram por décadas com o país. Segundo ele, a criação de uma CPMI é essencial para trazer luz às denúncias que envolvem não apenas agentes públicos, mas também sindicatos e associações.
Acusações contra o PT e os sindicatos
Bolsonaro direcionou parte de sua fala para criticar o Partido dos Trabalhadores (PT), afirmando que a legenda se recusa a apoiar a instalação da comissão de investigação. Em sua visão, isso levanta suspeitas sobre o possível envolvimento de aliados do governo nos esquemas de corrupção.
“Quem rouba, não cuida”, disparou Bolsonaro, numa frase de forte apelo popular. Ele argumenta que aqueles que verdadeiramente se preocupam com o povo não desviam recursos nem se escondem atrás de burocracias para impedir a fiscalização. O ex-presidente ainda ressaltou que é necessário cobrar de sindicatos e associações cada centavo desviado dos cofres públicos, especialmente quando os prejudicados são inativos e pensionistas que dependem de seus benefícios para sobreviver.
Momento estratégico para o PL
O vídeo de Bolsonaro foi transmitido em um momento político estratégico. Com o país se aproximando de um novo período eleitoral, o PL busca se firmar como uma oposição forte ao governo Lula e capitalizar o apoio popular de eleitores insatisfeitos com os rumos da economia, da segurança pública e da administração de programas sociais.
A defesa da moralidade e do combate à corrupção voltou a ser o tema central da fala de Bolsonaro, estratégia semelhante à que utilizou com sucesso durante sua primeira campanha presidencial, em 2018. Agora, ele busca manter sua base mobilizada e atrair novos eleitores, especialmente os afetados por problemas no sistema previdenciário.
Um discurso voltado aos aposentados
A escolha de focar os aposentados e pensionistas no discurso não foi por acaso. Nos últimos meses, cresceram as denúncias sobre dificuldades enfrentadas por beneficiários do INSS, que incluem atrasos nos pagamentos, dificuldades para agendar perícias e denúncias de favorecimento político em algumas decisões do órgão.
Ao dar visibilidade ao tema e apresentar-se como defensor dos idosos e dos mais vulneráveis, Bolsonaro tenta consolidar seu discurso de proximidade com a população comum. Além disso, ele reforça sua postura contrária às estruturas sindicais tradicionais, que, segundo ele, operam de forma aparelhada com partidos de esquerda.
PT é alvo recorrente
Ao criticar a recusa do PT em assinar o pedido de instalação da CPMI, Bolsonaro tentou mais uma vez desgastar a imagem do partido adversário junto à opinião pública. Para ele, a recusa não é apenas uma decisão política, mas uma manobra para proteger possíveis envolvidos nas irregularidades.
Embora não tenha apresentado nomes ou provas durante a propaganda, o ex-presidente afirmou que é dever do Congresso investigar todos os detalhes das denúncias envolvendo o INSS, independentemente de quem esteja no poder.
Estratégia eleitoral em andamento
A propaganda também deixa claro que Bolsonaro segue atuando como uma das principais lideranças políticas da direita no Brasil. Mesmo fora da presidência, ele continua sendo uma figura central nas estratégias eleitorais do PL. Seu estilo direto, com frases de efeito e apelos emocionais, continua gerando forte repercussão entre apoiadores e críticos.
Analistas políticos avaliam que Bolsonaro deve seguir utilizando os espaços de propaganda do partido para reforçar sua imagem de “defensor do povo” e manter viva a polarização com o governo Lula, estratégia que se mostrou eficaz nas últimas eleições.
Impacto nas redes sociais e nos bastidores
A frase “quem rouba, não cuida” rapidamente ganhou destaque nas redes sociais, sendo replicada por apoiadores e membros da base do ex-presidente. Influenciadores e parlamentares bolsonaristas também usaram a fala para pressionar o Congresso a aprovar a criação da CPMI e intensificar o escrutínio sobre o governo federal.
Nos bastidores de Brasília, a repercussão da propaganda também gerou movimentações. Deputados da oposição reforçaram o pedido de abertura da comissão e criticaram o silêncio de parlamentares da base governista diante das denúncias de má gestão no INSS.
Conclusão: embate político segue acirrado
A fala de Bolsonaro em rede nacional escancarou, mais uma vez, a disputa entre os dois principais polos da política brasileira: bolsonarismo e lulismo. Com a narrativa de combate à corrupção e proteção aos aposentados, o ex-presidente volta a colocar pressão sobre o governo atual, forçando uma resposta do PT e mobilizando sua base.
Resta saber como o Congresso reagirá à nova ofensiva do PL e se a CPMI será de fato instalada. Enquanto isso, o embate político promete se intensificar nos próximos meses, à medida que o país se prepara para novos capítulos da disputa eleitoral.