O senador Eduardo Girão (Novo-CE) voltou a se manifestar de forma contundente no Senado Federal ao exigir a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar desvios bilionários envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). De acordo com Girão, o esquema envolve descontos indevidos feitos em aposentadorias por sindicatos e associações, o que, segundo dados estimados pelo próprio INSS, já lesou cerca de quatro milhões de beneficiários.
Descontos Irregulares e Prejuízo Bilionário
As irregularidades, segundo o parlamentar, têm causado danos financeiros significativos aos aposentados, com um impacto já estimado em R$ 6 bilhões. Contudo, Girão alerta que o rombo pode ser muito maior quando considerados outros fatores associados, como a liberação fraudulenta de empréstimos consignados em nome dos segurados. Com esses elementos somados, a projeção de prejuízos pode atingir a marca alarmante de R$ 90 bilhões.
“O que estamos vendo é um verdadeiro desrespeito com os aposentados deste país, que já enfrentam tantas dificuldades para sobreviver. Agora descobrimos que foram enganados, muitos deles sem sequer perceber que estavam sendo lesados mês após mês”, disse o senador em discurso no plenário.
Omissão de Ministros da Previdência
Em sua fala, Eduardo Girão foi direto ao apontar responsabilidades. Ele acusou o ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, de ter sido omisso diante das denúncias, sugerindo que o então chefe da pasta tinha conhecimento prévio das irregularidades, mas não tomou medidas eficazes para coibir os abusos.
“Esse escândalo já estava na mesa do ministro Carlos Lupi há bastante tempo. Ele tinha ciência dos problemas, das denúncias, e nada foi feito para proteger os aposentados”, afirmou Girão, ressaltando que a negligência é ainda mais grave pelo impacto social e econômico gerado.
Participação do Novo Ministro em Reuniões Suspeitas
Girão também direcionou críticas ao atual ministro da Previdência, Wolney Queiroz, que assumiu recentemente o cargo. Segundo o senador, Queiroz, que antes atuava como secretário-executivo da pasta, já participava ativamente de reuniões com entidades que agora estão sob investigação.
“Não é apenas uma herança deixada pelo antigo ministro. O novo titular da Previdência, Wolney Queiroz, não é alheio ao que está acontecendo. Ele participou de reuniões com essas entidades suspeitas, o que torna tudo ainda mais preocupante”, pontuou.
Para Girão, há indícios claros de tráfico de influência e de conivência dentro do próprio governo federal, o que justifica com urgência a instalação da CPI.
A Gravidade do Caso e a Urgência da CPI
O senador reforçou que o escândalo envolvendo o INSS está tomando proporções cada vez maiores e exige uma investigação profunda, independente e transparente. Ele apelou aos colegas parlamentares para que apoiem a abertura da CPI, ressaltando que a impunidade só incentivará novos abusos no futuro.
“Estamos diante de um escândalo que pode se tornar um dos maiores já vistos na história da Previdência brasileira. E se não agirmos agora, corremos o risco de que essa prática continue a ocorrer impunemente”, declarou.
Pedido de CPI para Investigar a CBF
Durante o mesmo pronunciamento, Girão também chamou a atenção para outro possível esquema de irregularidades — desta vez envolvendo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ele solicitou apoio dos senadores para a criação de uma CPI específica para investigar contratos suspeitos da entidade esportiva, especialmente aqueles firmados com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), fundado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
Relações Suspeitas entre a CBF e o STF
Segundo Girão, além das denúncias já conhecidas de contratos nebulosos entre a CBF e o IDP, há novos indícios que acendem um alerta vermelho: duas vice-presidências da entidade esportiva estariam sendo oferecidas a pessoas indicadas por ministros do STF, com salários que podem chegar a R$ 200 mil.
“A CBF, infelizmente, tem se tornado o retrato de práticas obscuras que já não cabem mais no Brasil. Estamos falando de uma entidade privada, mas que está sendo usada politicamente, e agora surgem indícios de que cargos de alto escalão estão sendo negociados com membros do Judiciário. Isso é gravíssimo”, denunciou.
Um Apelo por Transparência e Justiça
Girão enfatizou que sua proposta de CPI não é apenas para apurar responsabilidades, mas também para restaurar a confiança da população nas instituições. Ele disse que a corrupção, seja na Previdência ou no esporte, precisa ser combatida com firmeza e clareza, e que é dever do Parlamento atuar como fiscalizador da República.
“É nosso dever zelar pela moralidade e pela legalidade. Não podemos permitir que aposentados, que deram a vida trabalhando, sejam explorados dessa forma. Tampouco podemos ficar calados diante da politização e da corrupção no futebol brasileiro, que é uma paixão nacional”, concluiu.
A Reação do Senado e os Próximos Passos
Após o pronunciamento de Eduardo Girão, a expectativa é que mais senadores se juntem ao pedido de instalação das duas CPIs: uma voltada para os desvios no INSS e outra focada nas suspeitas envolvendo a CBF e o IDP. Para que uma comissão parlamentar de inquérito seja aberta, é necessário o apoio mínimo de 27 senadores.
Enquanto isso, Girão segue articulando nos bastidores para angariar as assinaturas necessárias. Ele afirma que a sociedade brasileira precisa de respostas e que o Congresso Nacional não pode mais se omitir diante de escândalos tão graves.