Fora do Brasil, Carla Zambelli já começou a nova “missão”…

Política

A deputada federal Carla Zambelli está atualmente fora do Brasil. A ausência da parlamentar ocorre pouco tempo após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que a condenou a 10 anos de prisão em regime fechado por envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em janeiro de 2023. A defesa da deputada ainda não divulgou uma posição oficial sobre os próximos passos jurídicos a serem adotados.

Alegações Médicas e Afastamento do Mandato

Em declarações recentes, Zambelli afirmou que sua saída do Brasil teve motivação inicial de saúde. Segundo ela, a viagem se deu por recomendação médica, mas sua estadia fora do país pode se prolongar. A deputada também declarou que pretende solicitar formalmente o afastamento do mandato parlamentar, utilizando-se de previsão constitucional semelhante à que, segundo ela, já foi utilizada por outros congressistas.

“Estou fora do Brasil já faz alguns dias. Vim, inicialmente, por questões médicas, mas agora pretendo me afastar formalmente do cargo, como prevê a Constituição. Essa possibilidade já foi exercida, por exemplo, pelo Eduardo [Bolsonaro]”, afirmou.

Clima de Medo e Restrição à Liberdade de Expressão

Zambelli afirmou que, além de problemas de saúde, sente-se pressionada pelo atual ambiente político e jurídico brasileiro, especialmente pelas decisões do STF, que, segundo ela, extrapolam os limites constitucionais.

“A gente vive hoje num ambiente de receio. Parlamentares têm medo de agir porque tudo é revertido no STF, que hoje legisla, julga e executa”, criticou.

A deputada também demonstrou receio de ser presa. Para exemplificar, citou o caso da cabeleireira Débora Rodrigues, sentenciada a 12 anos de prisão por sua participação nos atos de vandalismo durante as manifestações de 8 de janeiro de 2023. Na visão de Zambelli, as punições têm sido desproporcionais.

Acusações de Perseguição e Alegações de Injustiça

Ao comentar a decisão da Corte Suprema, Zambelli classificou sua condenação como um ato de perseguição política. Para ela, a sentença representa não apenas um ataque à sua reputação pessoal, mas também um enfraquecimento das garantias do Estado de Direito.

“Sou vítima de uma perseguição política que atenta não apenas contra minha honra pessoal, mas também contra os princípios mais elementares do Estado de Direito”, disse.

A deputada afirmou também que a condução do processo teria ignorado princípios básicos da ampla defesa e que a pena imposta foi moldada para servir de exemplo, como forma de intimidação a outros opositores do atual sistema.

Episódio com Hacker e Condenação no STF

A decisão que condenou Zambelli foi unânime entre os ministros da Primeira Turma do STF. Além da pena de prisão, ela foi multada em R$ 2 milhões e teve a inelegibilidade decretada por oito anos. A perda de seu mandato parlamentar, embora prevista na sentença, ainda depende de análise da Câmara dos Deputados, que deve decidir após o trânsito em julgado.

De acordo com a acusação, Zambelli foi considerada responsável por articular a invasão ao sistema do CNJ em conluio com o hacker Walter Delgatti Neto. Este último também foi condenado, com pena de 8 anos e 3 meses de prisão. Ambos deverão pagar a multa estipulada de forma solidária. O relator do processo no STF classificou os atos como “graves ameaças à segurança institucional do Estado”.

Episódio das Eleições de 2022 e Acusações ao TSE

Zambelli também abordou as críticas que recebeu por um episódio ocorrido durante o segundo turno das eleições de 2022, quando perseguiu um homem armado pelas ruas de São Paulo. À época, o caso teve grande repercussão na imprensa e nas redes sociais. Para ela, o fato foi utilizado para prejudicar a imagem do então presidente Jair Bolsonaro.

“Fui transformada em bode expiatório. O real problema nas eleições não fui eu, mas sim a desconfiança generalizada sobre o sistema eletrônico de votação”, defendeu-se.

A deputada declarou que não considera as urnas eletrônicas confiáveis e que, agora fora do território nacional, sente-se mais livre para manifestar essa opinião.

“As urnas não são confiáveis. Agora, fora do país, posso dizer isso sem ser ainda mais perseguida. Precisamos de voto impresso e contagem pública para que exista democracia de verdade”, afirmou.

Críticas a Alexandre de Moraes e ao Judiciário

Carla Zambelli direcionou duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições de 2022 e relator das ações sobre os atos de 8 de janeiro. Segundo ela, houve um comportamento autoritário por parte do TSE, o que teria contribuído para o resultado do pleito presidencial.

“Foi uma sanha autoritária. O TSE não apenas organizou as eleições, mas também perseguiu quem ousava levantar questionamentos. Isso não é democracia”, disparou.

Futuro Incerto e Caminhos Legais

Ainda não há informações claras sobre os próximos passos da defesa da deputada. Há expectativa de que recursos sejam apresentados contra a decisão do STF, tanto em relação à condenação quanto aos efeitos políticos da sentença, como a perda do mandato e a inelegibilidade.

Zambelli, por ora, permanece fora do Brasil, mantendo contato com apoiadores e veículos de imprensa por meio de entrevistas remotas. Seu futuro político e jurídico permanece indefinido, enquanto os desdobramentos do caso continuam sendo acompanhados com atenção por especialistas, parlamentares e pela opinião pública.

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