General Mourão surpreende e sai em defesa de Eduardo Bolsonaro

Política

O senador e ex-vice-presidente da República, General Hamilton Mourão, surpreendeu a opinião pública nesta semana ao abandonar temporariamente sua postura mais moderada e se posicionar de forma firme e direta em defesa do deputado federal Eduardo Bolsonaro. A manifestação do senador ocorreu por meio da rede social X (antigo Twitter), onde ele expressou duras críticas ao que classificou como um movimento injusto contra o parlamentar.

A reação de Mourão ocorre em um momento de tensão política no Brasil, em que figuras ligadas à direita têm sido alvo de investigações e processos judiciais. Eduardo Bolsonaro, mesmo fora do país e sem exercer o mandato no momento, está no centro de uma nova polêmica que, segundo aliados, representa um avanço perigoso contra a liberdade de expressão e os direitos constitucionais.

“Ofensiva surreal”: Mourão critica medidas contra Eduardo Bolsonaro

Em sua publicação, Mourão demonstrou indignação com a abordagem que vem sendo adotada contra Eduardo Bolsonaro. De acordo com o senador, é inadmissível que um parlamentar que sequer se encontra no território nacional ou em atividade no Congresso esteja sendo alvo de ações judiciais que, em sua visão, extrapolam os limites do Estado de Direito.

“A ofensiva contra Eduardo Bolsonaro, que não está no Brasil e nem exercendo o seu mandato, é algo surreal!”, escreveu Mourão, ressaltando o que considera uma incoerência nas medidas tomadas contra o deputado federal.

A declaração foi recebida com entusiasmo entre apoiadores de Eduardo e integrantes da base conservadora, que vêm denunciando uma suposta instrumentalização da justiça para silenciar vozes opositoras ao atual governo e ao sistema judicial vigente.

Liberdade de expressão em xeque

O ponto central da manifestação de Mourão gira em torno da liberdade de expressão. O general fez questão de sublinhar que, em uma democracia sólida, não se pode tolerar que o Poder Judiciário seja utilizado como ferramenta de censura, intimidação ou coerção de representantes eleitos pelo povo.

“Nós, que defendemos a liberdade de expressão, não podemos admitir, em hipótese alguma, que a justiça sirva de instrumento para a censura, a coação e a disseminação do medo”, continuou Mourão.

Essa fala dialoga diretamente com uma preocupação crescente na sociedade brasileira: a percepção de que há uma tendência à supressão de discursos críticos por meio de interpretações judiciais amplas. O senador relembra que, quando esse tipo de situação se normaliza, os pilares fundamentais do Estado Democrático de Direito começam a ruir, colocando em risco não apenas a atuação de parlamentares, mas a própria estrutura institucional do país.

Críticas à judicialização da política

Além de defender o deputado, Mourão aproveitou para criticar o fenômeno da judicialização da política, que, segundo ele, tem se tornado uma prática recorrente no Brasil. Ao transformar conflitos ideológicos e opiniões políticas em casos judiciais, argumenta-se que se compromete a autonomia dos Poderes e se abre espaço para abusos de autoridade.

Embora não tenha citado diretamente o Supremo Tribunal Federal ou o ministro Alexandre de Moraes — frequentemente envolvidos em casos desse tipo —, a crítica implícita é evidente. Mourão levanta um alerta sobre o risco de transformar a justiça em um campo de batalha política, minando a confiança do cidadão nas instituições democráticas.

Repercussão nas redes e entre aliados

A fala de Mourão repercutiu de forma intensa nas redes sociais, especialmente entre perfis conservadores. Muitos usuários elogiaram a coragem do senador em se posicionar abertamente em um momento em que o silêncio parece ser a opção mais segura para a maioria dos políticos.

Entre os apoiadores de Eduardo Bolsonaro, a declaração foi interpretada como um sinal de que há figuras relevantes no cenário político dispostas a resistir àquilo que classificam como perseguição ideológica. Alguns deputados da base conservadora, como Bia Kicis e Nikolas Ferreira, também se manifestaram em apoio a Mourão, endossando a defesa da liberdade de expressão e o repúdio à censura institucionalizada.

Eduardo Bolsonaro fora do país e no centro da controvérsia

Eduardo Bolsonaro, que está atualmente fora do Brasil, ainda não respondeu diretamente à manifestação de Mourão, mas compartilhou a publicação do senador em suas redes sociais, acrescentando emojis de agradecimento e orações. O deputado, conhecido por seu estilo combativo e suas posições firmes, tem sido alvo constante de críticas e ações judiciais por suas falas e posicionamentos, muitas vezes considerados polêmicos.

Mesmo em viagem internacional, Eduardo continua ativo digitalmente, mantendo contato com sua base e denunciando o que chama de autoritarismo judicial. A defesa pública de Mourão reacende a discussão sobre os limites da atuação do Judiciário e o direito dos parlamentares à liberdade de opinião.

Um novo momento para Mourão?

A declaração contundente de Mourão também levanta questionamentos sobre uma possível mudança em sua postura política. Desde que assumiu o mandato no Senado, o ex-vice-presidente tem adotado uma posição de equilíbrio e diálogo, muitas vezes evitando entrar em embates diretos com o Judiciário ou com o governo federal.

No entanto, esse novo posicionamento pode sinalizar uma aproximação maior com a ala mais ideológica do bolsonarismo, principalmente em um ano pré-eleitoral em que articulações políticas começam a se intensificar. Resta saber se essa mudança é pontual ou o início de um realinhamento estratégico do senador com a base conservadora mais radical.

Estado de Direito ameaçado?

Ao final de sua postagem, Mourão faz um alerta que ressoa fortemente entre os defensores das liberdades civis no Brasil: “Quando tudo isso ocorre, não mais existe o Estado de Direito.”

A frase, curta e direta, aponta para uma preocupação profunda com os rumos institucionais do país. Se figuras públicas eleitas estão sendo perseguidas, mesmo ausentes e fora do exercício do mandato, que garantia terá o cidadão comum?

O desabafo do senador mostra que há uma tensão crescente entre os Poderes, e que os próximos meses podem ser marcados por novos embates entre o Legislativo, o Judiciário e a opinião pública.

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