Haddad “surta”, tumulto toma conta de sessão e petista “foge” de Nikolas; VIDEO

Política

A audiência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, realizada na quarta-feira (11), foi marcada por momentos de forte tensão e acabou sendo interrompida após um embate acalorado entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Carlos Jordy (PL-RJ). O que deveria ser uma sessão técnica sobre assuntos econômicos acabou se transformando em um palco de troca de acusações, ironias e interrupções constantes.

Início da sessão: críticas logo nos primeiros minutos

O clima já começou tenso logo no início da audiência. Ainda nos primeiros minutos de fala, o ministro Fernando Haddad não poupou críticas a alguns parlamentares, acusando-os de evitar o diálogo honesto. Em tom ríspido, ele disparou:

“Agora aparecem dois deputados, fazem as perguntas e correm do debate. […] É um pouco de molecagem, e isso não é bom para a democracia.”

A fala foi vista como uma provocação direta aos parlamentares da oposição, que haviam feito questionamentos incisivos e, em seguida, deixado momentaneamente o plenário. O comentário provocou imediata reação dos deputados citados, que retornaram para rebater a crítica.

Carlos Jordy responde e eleva o tom contra Haddad

O primeiro a reagir foi o deputado Carlos Jordy, que retornou à sessão visivelmente incomodado com as declarações do ministro. Em tom duro, ele classificou o comportamento de Haddad como imaturo e ofensivo.

“Moleque é você, ministro, por ter aceitado um cargo dessa magnitude e só ter feito dois meses de economia. […] O governo Lula é pior do que uma pandemia”, disparou Jordy.

A resposta inflamou ainda mais o ambiente, e o tom do debate passou a se distanciar completamente dos temas econômicos que estavam originalmente em pauta.

Nikolas Ferreira rebate ironias de Haddad

Logo após Jordy, foi a vez de Nikolas Ferreira retornar ao plenário para se defender das críticas feitas anteriormente por Haddad. Em sua fala, o deputado mineiro também elevou o tom e criticou o que chamou de “desdém” do ministro. Ele fez referência a uma fala anterior de Haddad que ironizava o número de visualizações em vídeos publicados por Nikolas nas redes sociais.

“Você acha que tem debate sério com alguém que fala que eu não posso ter 300 milhões de visualizações porque não existem 300 bilhões de pessoas que falam português?”, ironizou o deputado.

O comentário arrancou reações diversas no plenário, com alguns parlamentares apoiando e outros criticando o tom adotado pelo jovem deputado.

Tentativa de controle por parte da presidência da sessão

Diante do clima cada vez mais exaltado, o presidente da sessão, deputado Rogério Correia (PT-MG), tentou intervir para restabelecer a ordem. Correia afirmou que, de acordo com o regimento interno, Nikolas só poderia fazer uso da palavra por meio de uma questão de ordem. No entanto, a orientação não foi seguida.

Com os microfones sendo desligados por ordem da presidência e gritos tomando conta do ambiente, a sessão rapidamente se descontrolou. Parlamentares se exaltaram, alguns discutindo em voz alta e apontando dedos uns para os outros. Não houve espaço para retomada do debate técnico, e a situação se tornou insustentável.

Encerramento da sessão antes do previsto

Diante do caos instalado no plenário e da impossibilidade de continuar com os trabalhos em clima de serenidade, Rogério Correia optou por encerrar a audiência antes do tempo previsto. A sessão, que deveria tratar de temas relacionados à política econômica e tributária do governo federal, terminou sob gritos, vaias e acusações mútuas.

O encerramento precoce deixou várias questões em aberto e frustrou parte dos deputados presentes que esperavam uma discussão mais aprofundada sobre as propostas econômicas do governo. Representantes da base aliada e da oposição trocaram acusações sobre quem seria o responsável pelo tumulto.

Repercussão política e nas redes sociais

O embate rapidamente repercutiu nas redes sociais e na imprensa. Vídeos dos momentos mais acalorados foram compartilhados por parlamentares e por perfis de apoio tanto ao governo quanto à oposição, cada um apresentando sua própria versão dos fatos.

Nikolas Ferreira, por exemplo, publicou trechos do embate em suas redes, reforçando a narrativa de que foi atacado injustamente pelo ministro. Já aliados do governo acusaram os parlamentares do PL de provocarem a confusão de forma proposital, com o objetivo de desestabilizar a audiência.

Carlos Jordy, por sua vez, manteve o tom combativo mesmo após a sessão, dizendo que o ministro “não está preparado para ouvir críticas” e que o governo Lula tem dificuldade em lidar com a oposição.

Oposição e governo em clima de confronto

O episódio é mais um exemplo da crescente polarização entre o governo federal e parlamentares da oposição, especialmente aqueles ligados ao Partido Liberal, que representam uma ala mais combativa contra o presidente Lula e seus ministros.

Nos bastidores, deputados da base do governo criticaram a postura dos colegas oposicionistas, acusando-os de sabotar as discussões técnicas em nome do embate político. Já parlamentares do PL reafirmaram que seguirão atuando de forma firme contra o que consideram “desmandos” do atual governo.

Expectativas para as próximas sessões

A confusão ocorrida nesta audiência levanta preocupações sobre como será possível avançar com pautas relevantes para o país em um ambiente tão polarizado. Sessões técnicas, que deveriam tratar de temas como orçamento, arrecadação e reforma tributária, têm sido constantemente interrompidas por confrontos políticos.

A liderança da Câmara já estuda formas de tentar reduzir as tensões nas próximas sessões da Comissão de Finanças, seja com mudanças no formato dos debates ou com reforço das normas regimentais.

Enquanto isso, o episódio desta quarta-feira se soma a uma longa lista de confrontos entre o governo e a oposição — e deixa claro que, no atual cenário político brasileiro, o diálogo ainda é um desafio.

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