“Moleque!”: Carlos Jordy tem duro embate com Haddad na Câmara

Política

Uma sessão conjunta entre duas comissões da Câmara dos Deputados foi palco de um acalorado confronto entre o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira (11). A discussão, que envolveu acusações, interrupções e até gritos, terminou com a suspensão da audiência pública.

Clima esquenta em comissão sobre finanças

O embate ocorreu durante uma audiência das comissões de Finanças e Tributação e de Fiscalização Financeira e Controle, na qual Haddad foi convocado para prestar esclarecimentos sobre a condução econômica do governo federal. O encontro, que deveria ser técnico, rapidamente ganhou tom político e pessoal.

A tensão começou quando os deputados Carlos Jordy e Nikolas Ferreira (PL-MG), ambos alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, fizeram questionamentos incisivos ao ministro e se ausentaram da sala antes que ele pudesse responder.

Haddad acusa parlamentares de “molecagem”

Irritado com a atitude dos parlamentares, Haddad não poupou palavras e classificou a atitude como uma “molecagem”. Segundo o ministro, esse tipo de comportamento compromete o debate democrático.

– Eu venho aqui com espírito público, com dados e documentos, com propostas que foram inclusive aprovadas por essa Casa. O que vi hoje foi um show para redes sociais. Fizeram perguntas e saíram correndo do debate. Isso não é sério. É molecagem – criticou Haddad.

O ministro também fez uma analogia com o comportamento do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018, relembrando que o então candidato evitou participar de debates. Para Haddad, os atuais deputados bolsonaristas seguem essa mesma linha ao não enfrentarem o contraditório.

Ministro relembra ações do governo anterior

Em sua fala, Fernando Haddad aproveitou para questionar a ausência dos parlamentares durante votações cruciais, como a da chamada PEC da Transição. Ele apontou falhas da gestão Bolsonaro que, segundo ele, agravaram o cenário fiscal do país.

Haddad citou, entre outros pontos, o calote nos precatórios, a privatização da Eletrobras em condições desfavoráveis e as mudanças na cobrança do ICMS, que, segundo ele, prejudicaram os estados.

– Dando calote em precatório e tirando dinheiro de governador, qualquer um faz superávit – ironizou o ministro, em resposta a críticas feitas por Carlos Jordy sobre o desempenho fiscal da atual gestão.

Jordy rebate: “Moleque é o senhor”

Após ser informado sobre as declarações de Haddad, Carlos Jordy retornou à comissão visivelmente incomodado. Ele fez um pronunciamento duro, rebatendo as acusações e elevando ainda mais o tom da discussão.

– Moleque é o senhor, por aceitar um cargo dessa importância tendo feito apenas dois meses de Economia. Moleque é o senhor, que entregou ao Brasil o maior déficit fiscal da história, de R$ 230 bilhões, logo após o governo Bolsonaro entregar um superávit – declarou Jordy.

O deputado também atacou diretamente a gestão do presidente Lula, dizendo que ela conseguiu ser pior que uma pandemia. A fala foi recebida com reações intensas dos demais parlamentares presentes, com alguns tentando intervir e outros aplaudindo.

“Respeite o Parlamento”, diz deputado

Em sua fala final, Jordy ainda sublinhou que, embora Haddad seja ministro, ele estava ali diante de representantes eleitos diretamente pelo povo.

– Aqui não tem galo para cantar. O senhor pode ser ministro, mas eu sou deputado e esta é a Casa do Povo. Respeite o Parlamento. Não venha querer impor sua autoridade com arrogância – completou o deputado.

Bate-boca se generaliza e sessão é suspensa

A discussão entre os dois rapidamente contaminou o ambiente. Parlamentares de ambos os lados passaram a se manifestar, gritando e exigindo que expressões como “moleque” e “molecagem” fossem retiradas das notas taquigráficas — registros oficiais das sessões legislativas.

A confusão foi tamanha que a presidência da comissão optou por suspender a audiência. O clima era de forte tensão, com troca de acusações e tentativa de controle do microfone por parte de vários deputados.

Haddad critica uso político das redes sociais

Em suas declarações, Fernando Haddad fez duras críticas ao uso político das redes sociais por parte dos parlamentares. Segundo ele, muitos deputados priorizam a repercussão nas plataformas digitais em vez de promover um debate qualificado no Congresso.

– Estamos vendo um fenômeno preocupante. A política está sendo transformada em um palco teatral para redes sociais. É um desserviço à população e à democracia – afirmou.

Repercussão nas redes e entrevista exclusiva

Após o episódio, Carlos Jordy concedeu entrevista ao programa Pleno Time, do site Pleno.News, onde reiterou suas críticas ao ministro e acusou Haddad de fugir dos problemas reais da economia brasileira.

Nas redes sociais, apoiadores de ambos os lados repercutiram o confronto, com vídeos, recortes e comentários viralizando ao longo da tarde. A hashtag #MolequeÉVocê chegou a figurar entre os assuntos mais comentados do X (antigo Twitter).

Debate fiscal vira batalha ideológica

O episódio escancarou mais uma vez a divisão ideológica que domina o Congresso. Enquanto aliados do governo defendem as medidas de ajuste propostas por Haddad, a oposição insiste em criticar a condução econômica e o aumento de impostos. A audiência, que deveria tratar de temas técnicos, acabou se tornando um palco de embates ideológicos com forte componente emocional.

Conclusão: embates que refletem a polarização

O confronto entre Carlos Jordy e Fernando Haddad é mais um capítulo da polarização política que marca o atual cenário brasileiro. Mais do que um simples desentendimento, o episódio revela a dificuldade de diálogo entre governo e oposição em um ambiente cada vez mais tomado por paixões e estratégias midiáticas.

A sessão terminou sem consenso e com um saldo negativo para o debate democrático. Enquanto isso, temas urgentes da economia nacional seguem sem respostas efetivas, ofuscados por batalhas retóricas.

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