O bilionário Elon Musk, conhecido por sua liderança em empresas como Tesla, SpaceX e X (antigo Twitter), anunciou oficialmente, na noite desta quarta-feira (28/5), sua saída do governo de Donald Trump. O comunicado foi feito através da plataforma X, da qual o próprio Musk é dono, encerrando semanas de especulações sobre sua participação no chamado Departamento de Eficiência Governamental, o DOGE.
O anúncio: uma despedida direta e simbólica
Por meio de uma publicação curta, porém carregada de significado, Musk escreveu: “Meu período como funcionário especial do governo está chegando ao fim. Agradeço ao presidente Donald Trump pela oportunidade de reduzir gastos desnecessários. A missão do DOGE só se fortalecerá com o tempo, até se tornar um verdadeiro modo de vida.”
A postagem foi recebida com reações mistas nas redes. Muitos apoiadores elogiaram a atuação do bilionário no cargo, enquanto críticos questionaram os reais efeitos de sua presença no órgão. A saída marca o fim de uma colaboração pouco convencional entre um dos empresários mais influentes do mundo e um governo frequentemente associado a decisões controversas e polarizações políticas.
O que é o DOGE? Um projeto ambicioso e polêmico
O Departamento de Eficiência Governamental, ou DOGE, foi criado por Trump com o objetivo de reestruturar setores públicos e eliminar o que o ex-presidente chamou de “desperdícios sistêmicos no coração da máquina estatal”. O nome, curiosamente inspirado na famosa criptomoeda meme “Dogecoin”, foi uma jogada estratégica para atrair atenção — e, segundo alguns analistas, também uma provocação ao sistema político tradicional.
A proposta inicial do DOGE era contar com especialistas do setor privado para aplicar princípios empresariais no funcionamento da máquina pública. Musk, com sua fama de disruptor e sua obsessão por produtividade e inovação, foi uma escolha óbvia — e estratégica — para fazer parte dessa equipe.
A atuação de Musk no governo: foco em cortes e automação
Desde o início de sua participação no DOGE, Musk defendeu medidas de automação de processos burocráticos, digitalização de serviços e cortes em setores considerados ineficientes. A sua abordagem seguiu o mesmo espírito que implementa em suas empresas: foco em resultados, redução de custos e aversão à lentidão institucional.
Entre as propostas de Musk estavam a eliminação de cargos redundantes em departamentos federais, a criação de sistemas de inteligência artificial para atendimento ao público e auditorias tecnológicas em contratos governamentais. Algumas dessas ideias chegaram a ser testadas em escalas-piloto, mas os resultados práticos ainda são debatidos.
Bastidores da decisão: por que Musk resolveu sair?
Apesar do tom cordial no anúncio, fontes próximas ao empresário afirmam que a decisão de deixar o governo não foi tomada de forma repentina. Desde o início de maio, Musk vinha demonstrando insatisfação com a burocracia interna, a resistência de certos setores à inovação e, principalmente, com o uso político de sua imagem por aliados de Trump.
Além disso, a crescente tensão nas redes sociais envolvendo o próprio X — palco constante de polêmicas relacionadas à liberdade de expressão e desinformação — fez com que Musk voltasse sua atenção quase exclusiva para sua plataforma. O bilionário também tem se envolvido com novas iniciativas de inteligência artificial e biotecnologia, o que teria contribuído para o encerramento de sua função governamental.
Reações: aliados aplaudem, críticos duvidam
A notícia da saída de Musk do DOGE foi amplamente repercutida. Políticos alinhados à direita elogiaram sua passagem pelo governo, exaltando seu “espírito inovador” e a tentativa de modernizar o sistema público. O próprio Donald Trump publicou no Truth Social que “Musk foi um guerreiro contra o desperdício” e que seu legado continuará sendo importante para o futuro do DOGE.
Já analistas políticos e membros da oposição afirmam que a presença de Musk no governo foi mais simbólica do que efetiva. “Ele trouxe ideias, sim, mas poucas saíram do papel. Foi mais um golpe midiático do que uma transformação real”, comentou um ex-funcionário do Departamento de Administração Pública.
O futuro do DOGE sem Musk
Com a saída de seu principal rosto público, o futuro do DOGE se torna incerto. O programa, que já enfrentava críticas por falta de transparência e eficácia, agora precisa provar que pode caminhar sem a influência direta de Musk. Há rumores de que novos nomes do setor tecnológico serão convidados a participar, mas nenhum substituto foi anunciado até o momento.
Especialistas em administração pública alertam que o sucesso de projetos como o DOGE depende de uma articulação política sólida e de uma base técnica bem estruturada, algo que, segundo eles, ainda não foi completamente construído.
E Musk? Quais são os próximos passos?
A agenda de Elon Musk para os próximos meses permanece cheia. Além de continuar à frente da Tesla e da SpaceX, ele tem investido em projetos da Neuralink — sua empresa de interface cérebro-máquina — e está cada vez mais envolvido com pesquisas de IA avançada através da xAI. O próprio X também passa por mudanças, com novos recursos sendo testados para torná-lo mais competitivo em relação a outras plataformas.
Mesmo fora do governo, Musk continua influente nas discussões políticas e tecnológicas dos Estados Unidos. Sua figura permanece polarizadora: amado por uns, criticado por outros, mas sempre relevante.