“Não é fuga, é resistência”, afirma Zambelli

Política

Na manhã da terça-feira, 3 de junho, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou que deixou o Brasil e que irá solicitar uma licença de seu mandato parlamentar. A decisão foi divulgada após o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar uma dura condenação contra ela.

Pedido de licença e apoio do partido

Em sua declaração, Zambelli afirmou que, mesmo ausente fisicamente do país, continuará exercendo suas prerrogativas como parlamentar. Ela destacou que seu partido, o PL, tem lhe dado apoio político. “O PL me deu suporte político. Tenho conversado com Valdemar da Costa Neto”, afirmou, referindo-se ao presidente nacional da legenda. O pedido de afastamento temporário do cargo será formalizado nos próximos dias, segundo a própria deputada.

Condenação do STF gera polêmica

O principal motivo da saída de Zambelli do país foi a recente decisão do STF, que a condenou a 10 anos de prisão em regime fechado. O julgamento envolveu acusações relacionadas à suposta invasão dos sistemas internos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ação que, segundo o Supremo, violou gravemente o funcionamento de uma instituição essencial do Judiciário. Além da pena de prisão, os ministros também determinaram a perda do mandato, a inelegibilidade por oito anos e a aplicação de uma multa no valor de R$ 2 milhões, a título de danos morais coletivos.

Defesa questiona severidade da pena

A defesa de Zambelli e diversos apoiadores têm questionado a proporcionalidade da condenação. Para seus advogados, a sentença foi desmedida, especialmente ao impor prisão em regime fechado por um crime que, segundo eles, não envolveu violência ou ameaça física. Juristas críticos à decisão também apontam que a perda de mandato e a multa milionária não costumam ser aplicadas de forma tão rigorosa em casos semelhantes. Zambelli tem alegado perseguição política e disse que recorrerá a instâncias internacionais para denunciar o que considera uma violação de seus direitos fundamentais.

Apoio de aliados e reação política

Desde que a sentença foi divulgada, Zambelli tem recebido manifestações de apoio de diversos parlamentares da base conservadora, que consideram a decisão do STF excessiva. Muitos veem o episódio como parte de uma escalada de tensões entre setores do Judiciário e representantes da oposição política. Em Brasília, lideranças do PL estudam estratégias para manter a influência de Zambelli mesmo com seu afastamento. Um dos caminhos cogitados é o uso de redes sociais e canais digitais para que ela continue participando do debate público, ainda que fora do país.

O papel de Valdemar da Costa Neto

A relação próxima com Valdemar da Costa Neto tem sido um fator decisivo para garantir o respaldo político de Zambelli no PL. O dirigente do partido tem adotado uma postura cautelosa, evitando declarações polêmicas sobre o STF, mas deixando claro que Zambelli conta com o apoio da legenda. Nos bastidores, comenta-se que Valdemar busca articular uma linha de defesa institucional para proteger parlamentares do partido que estejam na mira de decisões judiciais consideradas politizadas.

Estratégias futuras e denúncias internacionais

Segundo fontes próximas à deputada, ela pretende acionar organismos internacionais, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), para contestar a decisão do Supremo. A ideia é argumentar que houve violação ao devido processo legal e à ampla defesa. Zambelli também deve buscar apoio de entidades jurídicas e parlamentares de outros países, na tentativa de construir uma narrativa internacional sobre supostas arbitrariedades do sistema judiciário brasileiro.

Impactos na imagem do STF

A condenação de uma deputada em exercício por parte do STF reacende o debate sobre os limites do poder da Corte. Setores da sociedade e da imprensa têm questionado se há equilíbrio nas decisões, especialmente quando elas envolvem figuras públicas com perfil oposicionista. Para críticos, o STF tem assumido um protagonismo político excessivo. Já os defensores da Corte argumentam que decisões como essa são necessárias para garantir a integridade das instituições e combater atos considerados ilícitos, ainda que praticados por parlamentares.

Licença do mandato: saída estratégica?

Especialistas políticos acreditam que o pedido de licença do mandato pode ser uma manobra estratégica para evitar uma cassação direta e ganhar tempo enquanto a defesa busca alternativas jurídicas. Ao se afastar, Zambelli pode manter parte de seus direitos parlamentares, além de reduzir a pressão pública e institucional sobre o caso. A licença, no entanto, não impede que a Câmara dos Deputados atue em processos internos relacionados à sua situação, especialmente se houver solicitação de cassação por quebra de decoro parlamentar.

O futuro político de Zambelli

Com a inelegibilidade determinada pelo STF, o futuro político de Carla Zambelli é incerto. Caso a sentença seja mantida, ela ficará impedida de disputar eleições pelos próximos anos. Ainda assim, sua base de apoio permanece ativa, especialmente entre eleitores que se identificam com pautas conservadoras e que veem a deputada como vítima de perseguição ideológica. Mesmo fora do cenário institucional, Zambelli pode se manter relevante através das redes sociais e articulações internacionais, algo que ela mesma já indicou como prioridade neste momento.

Conclusão

A decisão de Carla Zambelli de deixar o Brasil e pedir licença de seu mandato acontece em um momento de forte tensão entre o Legislativo e o Judiciário. Sua condenação pelo STF, considerada dura por muitos, provocou reações diversas no meio político e jurídico. Agora, com o afastamento e os recursos em andamento, o caso promete permanecer em destaque nos próximos meses, alimentando discussões sobre os limites do poder judicial, a liberdade de atuação parlamentar e o futuro da democracia brasileira.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *