O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), atual presidente do Senado, teve seu nome mencionado em documentos obtidos pela Polícia Federal durante investigações de uma organização acusada de realizar assassinatos sob encomenda e espionagem ilegal. O caso veio à tona nesta quarta-feira (28), no contexto da Operação Sisamnes, que também apura esquemas de venda de decisões judiciais em instâncias superiores.
Grupo criminoso visava comunistas, corruptos e criminosos
A organização investigada foi batizada como “Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos” (Comando C4). Com atuação clandestina, o grupo seria composto por civis e militares, tanto da ativa quanto da reserva. Segundo a Polícia Federal, o Comando C4 mantinha operações sigilosas que iam desde coleta de informações até execuções planejadas de pessoas que eram consideradas “ameaças” à visão de mundo da organização.
Operação Sisamnes: o que está sendo apurado
A Operação Sisamnes, nomeada em referência a um juiz da antiguidade persa conhecido por ter sido punido severamente por corrupção, tem como foco principal a apuração de um possível esquema de venda de sentenças judiciais no Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJ-MT) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). A investigação ainda inclui o assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em dezembro de 2023, em Cuiabá (MT), que teria ligações com o esquema criminoso.
Nome de Pacheco aparece em material apreendido
Durante as buscas realizadas pela Polícia Federal, foram encontrados documentos com referências ao nome de Rodrigo Pacheco. Não há, até o momento, qualquer indício de que o senador tenha envolvimento direto com as ações do grupo ou que tenha colaborado de qualquer forma com o Comando C4. No entanto, o simples fato de seu nome constar nos materiais é suficiente para que se levante um alerta entre as autoridades e a sociedade.
Reação do senador: “Estarrecedor”
Por meio de nota, Rodrigo Pacheco classificou como “estarrecedora” a existência de um grupo dessa natureza no país. Ele repudiou qualquer tentativa de se utilizar violência ou meios ilegais como forma de combate a ideologias, corrupção ou criminalidade. Para o senador, a descoberta do Comando C4 representa uma grave ameaça ao Estado de Direito e às instituições democráticas brasileiras.
Grupo tinha estrutura paramilitar
De acordo com as informações da Polícia Federal, o Comando C4 apresentava características típicas de organizações paramilitares, com estrutura hierárquica, códigos de conduta, financiamento interno e operações planejadas. As ações do grupo eram realizadas com alto grau de sigilo, e parte dos seus membros possuíam treinamento militar, o que aumentava o risco e a complexidade de suas operações.
Envolvimento de membros das forças de segurança
As investigações revelaram que integrantes das forças armadas e policiais, tanto na ativa quanto na reserva, estariam entre os participantes do grupo. Essa constatação levanta preocupações sobre o uso de estruturas e conhecimentos adquiridos nas instituições públicas para fins ilegais. A atuação de militares em um esquema como esse representa, segundo especialistas em segurança pública, uma quebra da confiança social nas forças de segurança do país.
Assassinato de advogado teria ligação com o grupo
O assassinato do advogado Roberto Zampieri é um dos crimes que a PF atribui ao Comando C4. Zampieri era conhecido por atuar em casos sensíveis na justiça mato-grossense e, segundo os investigadores, teria se tornado alvo do grupo por representar riscos aos interesses de determinados membros do esquema. A execução foi realizada de forma profissional, o que reforçou a hipótese de que houve envolvimento de pessoas com treinamento militar.
Ameaças à democracia e ao Estado de Direito
O surgimento de um grupo como o Comando C4, com objetivos políticos e ideológicos, acende um alerta vermelho para a democracia brasileira. A utilização de métodos violentos e ilegais para supostamente “corrigir” falhas do sistema é incompatível com os princípios constitucionais. Entidades de direitos humanos, juristas e lideranças políticas vêm se manifestando preocupadas com a gravidade do caso.
Pacheco defende firmeza contra o radicalismo
Diante da menção de seu nome nos documentos, o senador Pacheco defendeu que as investigações avancem com independência e que os responsáveis por crimes sejam punidos exemplarmente. Para ele, é inadmissível que grupos extremistas tentem se legitimar em nome de causas políticas, recorrendo a práticas como assassinatos e espionagem. O presidente do Senado destacou ainda que, em tempos de polarização, é necessário reforçar os valores da legalidade e da civilidade no debate público.
Apurações seguem em sigilo
A Polícia Federal ainda mantém sob sigilo boa parte das informações obtidas na Operação Sisamnes. Espera-se que, nas próximas semanas, novas fases da investigação sejam deflagradas, com possível aprofundamento nas conexões políticas e institucionais do Comando C4. O Ministério Público Federal acompanha o caso e atua em parceria com a PF para garantir a legalidade dos processos e proteger possíveis testemunhas.
Clamor por respostas e justiça
O caso despertou grande atenção da opinião pública, principalmente pela possível infiltração de grupos radicais em espaços institucionais e pela ameaça direta à integridade física de profissionais do direito. A sociedade espera uma resposta firme das autoridades, não apenas contra os executores das ações criminosas, mas também contra os eventuais mandantes e apoiadores do grupo.
Reflexão sobre os rumos do país
Este episódio convida a sociedade a refletir sobre os caminhos que o Brasil tem seguido. O fortalecimento das instituições, o combate à corrupção e a defesa da democracia devem ser conduzidos por meios legítimos. Atos de violência e subversão não são solução, e sim um risco à ordem pública e à estabilidade nacional. O caso do Comando C4 é mais um alerta para que não se permita a banalização da violência como instrumento político.