Durante a 26ª Marcha dos Prefeitos, um gesto aparentemente simples chamou a atenção e teve um forte impacto nos bastidores da política nacional: o abraço caloroso entre Jair Bolsonaro e Gilberto Kassab. O encontro entre o ex-presidente da República e o presidente do PSD não foi apenas uma demonstração de cordialidade, mas um sinal político poderoso, com potencial para reconfigurar alianças e influenciar diretamente as eleições presidenciais de 2026.
Kassab e o PSD: insatisfações crescentes com o governo Lula
Atualmente, o PSD ocupa três ministérios no governo Lula: Minas e Energia, Pesca e Agricultura. No entanto, a relação do partido com o Palácio do Planalto não está exatamente tranquila. O próprio Kassab, presidente nacional do PSD, tem feito críticas públicas ao governo, especialmente em relação à condução econômica sob a liderança do ministro Fernando Haddad.
Essa movimentação interna do PSD sinaliza uma possível ruptura com a base lulista. A insatisfação crescente com a política econômica, somada à postura de Haddad frente a temas polêmicos, vem criando rachaduras nas alianças que até pouco tempo pareciam sólidas.
Um novo nome no horizonte conservador
Nos bastidores, Kassab vem articulando uma alternativa eleitoral que poderá representar o campo conservador na disputa presidencial. O nome cotado é o do governador do Paraná, Ratinho Junior, filiado ao PSD e com uma forte base de apoio no Sul do país.
Ratinho Junior tem excelente relação com Jair Bolsonaro, o que facilita um possível alinhamento entre ambos. Com um perfil conservador, mas de fala moderada, ele se apresenta como uma figura capaz de unir diferentes setores da direita, incluindo o bolsonarismo e políticos mais ao centro, criando uma frente ampla contra Lula.
Essa movimentação estratégica de Kassab e do PSD pode levar a um rompimento definitivo com o governo, mesmo ocupando ministérios importantes. A formação de uma chapa forte de oposição, que reúna apoio popular e articulação política, representa uma ameaça direta ao projeto de reeleição de Lula.
Bolsonaro e as possibilidades para 2026
Mesmo inelegível até o momento, Jair Bolsonaro continua sendo uma figura central na política brasileira. Seu capital político ainda é expressivo, especialmente entre os eleitores mais à direita e no eleitorado evangélico. Por isso, ele tem analisado com cuidado os possíveis nomes que poderão representar seu legado nas urnas.
Entre os nomes cogitados estão o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro. No entanto, nenhum desses nomes é consenso absoluto, e a possibilidade de uma aliança com Ratinho Junior pode se mostrar mais estratégica e viável para unir a direita.
A relação próxima entre Ratinho Junior e Bolsonaro poderia ser o elo que falta para consolidar uma candidatura forte e competitiva contra Lula em 2026. E nesse contexto, o apoio de Kassab ganha ainda mais relevância.
Reaproximação construída nas eleições municipais
O reencontro entre Bolsonaro e Kassab não surgiu de maneira repentina. Ele começou a ser articulado ainda nas eleições municipais mais recentes. Na ocasião, Kassab apoiou Mello Araújo, indicado por Bolsonaro, como vice na chapa de Ricardo Nunes (MDB) à Prefeitura de São Paulo. A vitória da chapa consolidou a parceria e abriu caminho para um diálogo mais constante entre os dois líderes políticos.
Esse apoio, ainda que local, foi suficiente para mostrar que Kassab está disposto a dialogar com diferentes espectros políticos se isso significar ampliar o poder do PSD e aumentar sua influência nacional.
Desde então, as conversas se intensificaram e culminaram no abraço simbólico durante a Marcha dos Prefeitos. Mais do que um gesto de cordialidade, o abraço representa um aceno claro de que alianças estão sendo redesenhadas e que o jogo político para 2026 já começou.
Lula e o PT precisam ficar atentos
O governo Lula ainda conta com o PSD em sua base, mas a fidelidade do partido já está visivelmente abalada. A possível candidatura de Ratinho Junior com apoio de Kassab e Bolsonaro é um alerta vermelho para o PT, que pode estar perdendo um aliado de peso no Congresso.
Além disso, a formação de uma frente conservadora forte e bem articulada compromete a estratégia de reeleição de Lula. O presidente dependerá da manutenção do apoio de partidos do centro e da centro-esquerda para equilibrar o jogo, especialmente se a economia não apresentar sinais consistentes de melhora até 2026.
Caso o PSD abandone o barco, outros partidos de centro podem seguir o mesmo caminho, enfraquecendo a base de apoio do governo e dificultando sua governabilidade. O gesto simbólico do abraço pode ser o início de uma virada significativa no cenário político.
Conclusão: um gesto que fala mais alto que palavras
O caloroso abraço entre Jair Bolsonaro e Gilberto Kassab, embora simples à primeira vista, está longe de ser um mero cumprimento entre políticos. Ele representa uma possível nova composição de forças políticas que poderá mudar os rumos das eleições presidenciais de 2026.
Com o PSD sinalizando insatisfação com o governo Lula e cogitando lançar um nome do campo conservador, o cenário se torna mais competitivo. A possível aliança com Bolsonaro e o apoio a Ratinho Junior colocam uma nova peça no tabuleiro da política nacional.
Para Lula e o PT, essa movimentação é uma notícia preocupante. E para o eleitor, é mais um sinal de que as próximas eleições prometem ser acirradas e decisivas para o futuro do país.